"A arte é uma magia que liberta a mentira de ser verdadeira" Theodor Adorno

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Doce Vingança de Nora Roberts

"Ninguém a conhecia. Nem mesmo Celeste compreendia plenamente os conflitos e dúvidas que a dominavam."
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Feérica, de Carolina Munhóz

"As fadas existiam porque humanos ainda acreditavam em sua existência. Violet decidiu que já era hora de mostrar que eles tinham motivo para isso."
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Especial de Aniversário de Clarice Lispector: A Hora da Estrela e Um Sopro de Vida

"Escrevo por não ter nada a fazer no mundo: sobrei e não há lugar para mim na terra dos homens."
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Biografia de Harrie Stowe

"Eu sinto que agora é o tempo em que mesmo uma mulher ou criança que sabem falar uma palavra de liberdade e humanidade é obrigado a falar..."
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sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

O Livro das Princesas, Meg Cabot - Paula Pimenta - Lauren Kate - Patrícia Barboza

   O Livro das Princesas, lançado em 2013 no Brasil, é uma coletânea de contos de fadas modernizado. Quatro escritoras de grande sucesso entre o público infanto-juvenil e jovem adulto se uniram para nos contar novas histórias baseadas nos contos clássicos que conhecemos. Além dessa seleção especial de autoras, o livro é recomendado por uma das princesas mais conhecidas da literatura juvenil, a Sua Alteza Real, Princesa Mia Thermopolis, de Genovia (personagem criada por Meg Cabot em O Diário da Princesa que virou Best-seller e foi inspiração para dois filmes da Disney).

   Meg Cabot, autora estadunidense famosa por A Mediadora e O Diário da Princesa, contribuiu com a pequena história baseada no conto A Bela e a Fera, com o título A Modelo e o Monstro.
Meg Cabot, autora de
A Modelo e o Monstro
   Belle e Adam conseguem muito bem atrair a atenção de qualquer pessoa. No entanto, as razões para que isso aconteça são controvérsias. Ela é uma linda modelo; ele, um rapaz que vive no escuro para que ninguém o veja e se assuste… Eles se conhecem num cruzeiro luxuoso que zarpa de Miami a São Paulo, numa situação pra lá de desagradável. Sendo salva por Adam, Belle sente-se na obrigação de agradecê-lo pessoalmente – será que estão preparados para julgar e serem julgados por sua aparência?
   Leio Meg Cabot desde que estava na pré-adolescência. Ela sempre fez com que eu me divertisse com suas histórias, me ensinou que a literatura é universo lindo para se viver. Esse conto não conseguiu transmitir a mim a sensação de que a história era real, que poderia acontecer. Ficou aquele pensamento de que se talvez fosse um pouco maior a história, melhor as personagens estariam inseridas no mundo que imita a realidade.

— (…) Ficou tão preocupado de eu não gostar de você pela 
sua aparência que nem me deixou vê-lo.
— Ora essa, e eu tinha razão, não tinha? No segundo 
em que viu meu rosto, você desmaiou. 
(CABOT, Meg. O Livro das Princesas, A Modelo e o Monstro, pag. 56)

   Paula Pimenta, autora brasileira conhecida pelas séries Fazendo Meu Filme e Minha Vida Fora de Série, escreveu Princesa Pop, baseado no conto Cinderela.
Paula Pimenta, autora de Princesa Pop
  Com muita cautela e amarrando todos os pontos, Paula Pimenta conta-nos a história de Cintia Dorella, uma garota de 17 anos que vive com a tia e divide seu tempo entre a escola e o trabalho como DJ à noite (o combinado é que chegue em casa sempre a meia-noite em ponto!). Um comunicado da diretora da escola muda o rumo da história de Cintia. A diretora proibiu celulares no ambiente escolar, e como Cintia conseguirá conversar com a mãe, que mora atualmente no Japão, agora que não poderá usar a tecnologia no único horário que o fuso horário permite? Numa ação desesperada, Cintia liga para o pai pedindo para que ele convença a diretora a mudar de ideia, porém o pai quer algo em troca. Quer que Cintia compareça à festa de aniversário de 15 anos das filhas de sua nova esposa. Coincidentemente, Cintia também será a DJ nessa festa, mas o pai não pode descobrir; ainda bem é festa fantasia! Na festa, conhece o famoso Fredy Prince, o cantor “príncipe” das adolescentes brasileiras. E ele gosta tanto dela, mesmo sem ter visto seu rosto, que está disposto a enfrentar a imprensa para conseguir vê-la novamente e poder entregar o tal sapatinho de “cristal” – um All Star customizado. Mas será que a bruxa má (a madrasta) e as bruxinhas (filhas da madrasta) irão deixar que eles se encontrem?
   Esse é o conto mais longo de todos que compõe essa antologia. Quem acompanha a Paula Pimenta sabe como essa escritora não poupa palavras para deixar o texto bem coerente e a história fluida, que consegue envolver o leitor e ainda o faz se identificar. Já li outros livros da autora (até agora suas duas séries), e espero continuar a ler mais. Ela faz qualquer história parecer mais que especial, e deu um novo sabor à famosa Cinderela.

— Mas quem sabe, né? Às vezes uma pessoa especial pode 
estar bem na nossa frente e não conseguimos enxergar pelo 
fato de ela estar escondida atrás de um disfarce, fingindo ser quem não é…
(PIMENTA, Paula. O Livro das Princesas, Princesa Pop, pag. 113)

   Lauren Kate, autora estadunidense que fez sucesso com Fallen, trouxe uma nova perspectiva para a história A Bela Adormecida, aqui sob o título Eclipse do Unicórnio. Mesclando o mundo fantástico com o real, Lauren Kate recria a profecia da Bela Adormecida.
Lauren Kate, autora de Eclipse do Unicórnio
   Aqui, em seu nascimento, a princesa Talia recebe os anjos e o Anjo da Justiça, agora conhecido como Darnile, presenteia o bebê com uma promessa de ferida fatal quando cobiçar o unicórnio alheio; o Anjo do Amor, que ainda não tinha dado seu presente, tenta moderar a situação, fazendo com que, quando a princesa se ferir com o chifre do unicórnio, não morrerá, mas cairá em sono profundo até que, em dia de eclipse e na presença de um unicórnio e algo mais, ela poderá acordar.
Percy é um garoto de Baltimore, nos EUA, que está com o coração partido porque a namorada decidiu ficar com outro garoto. Abatido, ele parte numa excursão escolar à França e, pensando que viajar seria o maior tédio e ainda mais triste por estar num país romântico, ele se descobre numa aventura fantástica ao encontrar um unicórnio belíssimo que atende pelo nome de Rose.
   O conto de Lauren Kate me fascinou. Sua escrita é delicada, pinta um cenário coerente e em poucas páginas conseguiu construir o que considerei uma boa história, numa boa dose de fantasia e realidade. Essa foi minha única leitura desta autora, e fico feliz por tê-la lido; espero conhecer suas outras obras.

Seu sonho parecia um conto de fadas. E aquele tipo de fantasia 
não se torna realidade. Não para caras como Percy. Entretanto, 
ele estava postado na beira do altar, curvando-se para uma menina 
linda e adormecida, medindo a distancia entre os lábios dela e os dele. 
(KATE, Lauren. O Livro das Princesas, Eclipse do Unicórnio, pag. 233)

  Patrícia Barboza, autora brasileira que encanta o público infanto-juvenil com as histórias das meninas de As Mais, escreveu Do Alto da Torre, baseado em Rapunzel.
Patrícia Barboza, autora de Do Alto da Torre
   Numa tentativa ousada de trazer o conto para a modernidade e preservando as características marcantes da Rapunzel, a personagem principal de Patrícia Barboza é a Camila Soares, do Rio de Janeiro, uma garota que desde os 11 anos foi proibida de cortar o cabelo por conta de uma promessa que sua tia fez. A tia aqui é a madrinha, porém não é má, e a torre da história é um nome carinhoso que Camila deu ao apartamento no 12º andar. Camila adora cantar e seu melhor amigo posta seus vídeos cantando Katy Perry na internet, sob o nome de Mila Tower. É sabido que no colégio muita gente gosta da Mila Tower, porém será que gostarão da Camila Soares também?
   Confesso que esperava mais dessa história. Ainda não tive a oportunidade de ler a série As Mais, e sempre tive curiosidade para saber o estilo de escrita da Patrícia, como suas ideias se punham no papel. Não me decepcionei, só tive a sensação de que faltava um tempero; talvez se a história fosse mais longa eu conseguisse sentir isso, ou talvez minhas expectativas fossem demasiadas altas, pois várias resenhas na internet elogiaram esse conto. Gostei do destino final que teve a cabeleira da Camila, achei interessante como a garota usou seus recursos para fazer o bem. A relação dela com sua tia me pareceu muito especial, conseguiu transmitir a preocupação, o carinho e amor entre as duas.

Antologia de contos modernos,
com Cabot, Pimenta, Kate e Barboza
— E como seria a princesa de verdade dos dias atuais?
— Ah, uma princesa sem frescura! — Ela levantou e começou a rodopiar pela sala. — Que corre atrás do que quer. Que é decidida, destemida. Desistir dos sonhos por causa do suposto príncipe, para poder ficar com ele? Princesas modernas nunca fazem isso! Se o príncipe quiser acompanhá-la e dar todo o apoio, ótimo. Até porque, se ele não entender as necessidades da princesa, não é príncipe, mas um tremendo de um sapo. E nada de chorar! O mundo é muito grande e cheio de gente para se gastar tempo chorando por causa de uma única pessoa. 
(BARBOZA, Patrícia. O Livro das Princesas, Do Alto da Torre, pag. 253)



Escrito por MsBrown
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domingo, 16 de novembro de 2014

Divã, de Martha Medeiros

Sou tantas que mal consigo me distinguir. Sou estrategista, batalhadora, 
porém traída pela comoção. Num piscar de olhos fico terna, delicada. 
Acho que sou promíscua, doutor Lopes. São muitas mulheres numa só, 
e alguns homens também. Prepare-se para uma terapia de grupo.
(MEDEIROS, Martha. Divã, pag. 11)

   Divã é a primeira novela escrita por Martha Medeiros, lançada em 2002. Consagrada pela crítica, recebeu os seguintes elogios da autora Lya Luft: “Gosto demais do que Martha escreve: toca em sentimentos sem ser sentimentaloide, é bem-humorada sem ser superficial, é irônica sem ser maldosa.”
  Divã conta a história de Mercedes, uma mulher com mais de 40 anos que procura a psicanálise. É casada, tem filhos, é professora particular de Matemática e parece viver uma vida comum, uma vida pacote de classe média, onde tudo aparentemente acontece sem novidades, sem exageros, sem grandes emoções. Mercedes quer se entender, quer dar a voz à mulher que existe dentro dela, que é mais ousada, mais faminta por novas vibrações. Lopes é seu psiquiatra, o homem a quem dirige todas as falas, que a ajuda a raciocinar quem é a Mercedes que quer se mostrar ao mundo.

Não estou vivendo perigosamente. Troque o perigosamente por intensamente, inconsequentemente, apaixonadamente. Não há perigo. Perigoso é a gente se aprisionar no que nos ensinaram como certo e nunca mais se libertar, correndo o risco de não saber mais viver sem um manual de instruções.
(MEDEIROS, Martha. Divã, pag. 61)

Divã, de Martha Medeiros
   O livro é narrado por Mercedes, no consultório, falando com Lopes. Por três anos manteve regular sua ida ao psiquiatra. Em três anos de sua vida e em cerca de 160 páginas, os leitores podem observar de perto a transformação de uma mulher ansiosa por sair da acomodação que vive com o marido e os filhos, e migrar para uma vida de aventuras, de novas ideias e sentimentos transbordantes que antes pensava que não ia sentir. É uma linha do tempo, porém com momentos de lembranças do passado, da mãe que morreu quando Mercedes era criança, dos namorados antigos, da sensibilidade aos barulhos do marido Gustavo que se tornaram quase indistinguíveis do silêncio, da sua relação com Mônica, sua amiga, e a narrativa da trajetória recente, dos amores recentes, da filosofia em constante mudança, da metamorfose do corpo e das impressões deixadas pela idade.
   Divã possui uma narrativa muito especial: nos leva ao consultório do psiquiatra Lopes, nos permite relaxar numa poltrona e ouvir o que essa mulher tem a dizer sobre sua vida. Conheci o filme primeiro e por ter gostado tanto, fiquei muito feliz ao saber que tinha sido originado a partir de um livro, que finalmente tive a oportunidade de ler na íntegra. Apesar de ser sobre uma mulher com seus 40 anos, é um livro sobre experiências e, portanto, várias faixas etárias podem aprender/refletir sobre o que foi escrito.
   Divã foi adaptado para o teatro e depois cinema, em 2009, com o filme homônimo, estrelado por Lilia Cabral, José Mayer como Gustavo, Alexandra Richter como Mônica e dirigido por José Alvarenga Jr. e para a televisão, todos com Lilia Cabral.

Vidas não são entregues em kits personalizados, compostos 
por dois sonhos, meia dúzia de projetos e uma única maluquice: 
essa costuma ser a munição que cada pessoa recebe ao nascer, 
para que a ordem seja mantida na sociedade. Eu aceito a parte que 
me toca, mas ninguém me impede de incrementar o dote.
(MEDEIROS, Martha. Divã, pag. 168)


Escrito por MsBrown
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sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Fala Sério, Pai!, de Thalita Rebouças

Pais, a realidade é dura. Somos nada, somos apenas um 
parque de diversões momentâneo enquanto não chega ela, 
a verdadeira rainha do lar, a dona da banca, a estrela da novela, 
a pessoa mais importante na vida dos seus filhos: a mãe. 
(REBOUÇAS, Thalita. Fala sério, pai!, p. 34)

   Fala Sério, Pai!, de Thalita Rebouças, lançado em 2009, é um dos livros mais deliciosos de ler que já tive o prazer de adquirir. Nenhuma página se passa sem uma risada, sem uma visão engraçada da realidade da convivência entre pais e filhos. 
   Neste volume, parte de uma série de outros 5 livros, Thalita Rebouças narra pelos olhos de Armando, o pai da já famosa Malu, as aventuras dessa dupla pai-filha desde a primeira crônica de um sopro de vida: o nascimento de Malu. A seguir, cada capítulo descreve um acontecimento de um ano da vida dela. Na maternidade, o primeiro amor, o corte de cabelo, aquele em que meninos são bobos, aquele em que Armando fez papel de pai-mico, ih, a madame Silicone, o papai meste-cuca e outros, até chegar no voo solo, quando Malu sai de casa para viver suas aventuras agora sem ele, o melhor pai do mundo. Malu também nos permite ver o mundo como ela, na segunda parte do livro. E percebemos, tamanho humor, que tal pai tal filha!

Fui para perto do berço e não conseguia parar de 
olhar para Maria de Lourdes. Absolutamente hipnotizado, 
idiotizado, encantado. Ela era perfeita, tinha saúde e muito, 
muito cabelo. Extasiado, constatei que aquele, sim, era o melhor 
gol da minha vida. Um gol de placa. 
(REBOUÇAS, Thalita. Fala sério, pai!, p. 21)

Fala sério, pai!, de Thalita Rebouças
   Armando adora a Maria de Lourdes, que após alguns anos vira só Malu, para os íntimos exceto a mãe, mas às vezes essa menina que nasceu com cara de joelhinho esquisito e que abria o maior berreiro em muuuuitas ocasiões o deixa sem saber o que fazer. Pai de primeira viagem, Armando aprendeu muito sobre crianças, e sobre meninas, quando se viu no papel de homem mais engraçado do mundo, pai mais legal... mas só durava quando estava só; era só a mãe da menina chegar e, bum!, ele não era ninguém. Armando narra suas aventuras como pai-mico, pai que não sabe tudo e que não sabe dizer "não", porém não perde o posto de pai mais divertido. Malu passa por todas as fases de sua vida tendo o pai ao seu lado, seja para aprontar travessuras junto, seja para receber broncas, seja para ouvir conversas de seu pai com sua mãe sobre ela cheias de indignação. 
   Já me considero fã da Thalita Rebouças pois acompanho suas crônicas lançadas no site da Veja Rio, clique aqui, e não há texto dela que não me atinga lá onde está guardado meu bom humor. Fala Sério, Pai! foi o primeiro livro dela que li, e adorei. O humor dessa carioca é transcrito perfeitamente no papel, impossível não arrancar umas risadas de qualquer leitor, seja pai, seja filho.

Meu pai estava tão frágil, tão tristinho… tão menino. E eu me senti na 
obrigação de tomar conta do meu pai-menino naquela hora. Muito 
estranho esse negócio de virar pai dos nossos pais. De repente, do nada, 
parece que eles são seres indefesos, que precisam mais da gente do que a gente deles. 
(REBOUÇAS, Thalita. Fala sério, pai!, p. 253)

Escrito por MsBrown
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segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Minha Vida Fora de Série, 2ª Temporada, de Paula Pimenta

Se quisesse uma Nicole, eu teria conseguido há muito tempo. 
Igual a ela, eu já tinha encontrado várias outras… Mas não era 
isso o que eu queria. Eu queria uma Priscila. Eu queria a Priscila. 
(PIMENTA, Paula. Minha Vida Fora de Série, 2ª Temporada, pag. 146)

   Paula Pimenta dá continuação à história de amor entre Priscila e Rodrigo depois de um hiato, em sua segunda temporada. Agora os protagonistas estão mais velhos, com seus 15-17 anos, e as questões com que lidam se tornam mais complicadas e intensas. Em Minha Vida Fora de Série — 2ª Temporada, lançado em 2013, cada capítulo é um preparo para o leitor ansiar ler o próximo e, o melhor do livro é que o leitor não precisa esperar pela semana seguinte para saber como será o próximo episódio dessa história.
   O cenário varia entre Estados Unidos e Brasil. Na viagem de Priscila à Disney, além de se divertir no parque ela comete um pequeno deslize que poderia estragar seu
Minha Vida Fora de Série, 2º volume,
de Paula Pimenta
relacionamento com Rodrigo; nos EUA, ela conhece Patrick, o filho da proprietária da agência de Turismo, que é o charme em pessoa. Quando volta ao Brasil, para Belo Horizonte, não consegue parar de pensar nele, assim afastando seu namorado.

Ele estava totalmente certo… Eu vinha dando uma importância muito grande ao que tinha acontecido, quando na verdade deveria encarar aquilo apenas como um encanto a mais da viagem. Como se tivesse sido algo efêmero, como uma miragem que nos deixa em dúvida se aconteceu na realidade ou se foi apenas a nossa mente que fantasiou. 
(PIMENTA, Paula. Minha Vida Fora de Série, 2ª Temporada, pag. 129)

   Após muitos conselhos e destino, Priscila percebe que tem que salvar sua relação de ficar ainda mais fria. Como está no segundo ano do Ensino Médio agora, tem que estudar para o vestibular, participa do Grêmio, do Conselho Escolar e tudo isso fica no caminho entre ela e Rodrigo, embora não seja sua intenção.
   Rodrigo, por sua vez, em sua viagem à Bahia, passou a ser o baterista de uma banda, quando tocavam em barzinhos. A vocalista da banda logo se interessou por ele, embora Rodrigo ficasse só pensando na Priscila. Aí se segue uma pequena confusão que o deixou até desorientado, e que fortaleceu o que sentia por sua namorada. De volta a Belo Horizonte, ele e Priscila tentam consertar a situação.
   O livro é narrado em primeira pessoa, por Priscila e Rodrigo, embora o garoto narre apenas alguns capítulos. Isso dá um diferencial para a história, ficamos conhecendo-a pelos dois lados. Temos novamente os emails, as mensagens de celular, os capítulos que começam com uma frase das séries de televisão que Priscila assiste e listas de músicas. Escrito com cuidado, com capítulos curtos e todas as pontas atadas, com personagens masculinos que realmente parecem homens, Paula Pimenta faz qualquer leitor estar em Belo Horizonte observando a vida dessas personagens tão queridas em histórias que poderia acontecer com qualquer adolescente brasileiro.
   Para quem conhece a série Fazendo Meu Filme e está com saudade das personagens de lá, a Priscila e o Rodrigo também fazem parte da vida deles e neste livro há spoilers sobre o primeiro livro da outra série.

Eu já tinha percebido que, quanto mais ficávamos juntos, 
mais queríamos ficar… E o contrário também acontecia. 
Simplesmente nos acostumávamos a ficar longe. Passávamos 
a não nos importar tanto com a distância. Não a física; afinal, 
continuávamos a nos ver todos os dias no colégio. Mas era como 
se fôssemos amigos que se beijavam. Aliás, que nem se 
beijavam mais tanto assim… 
(PIMENTA, Paula. Minha Vida Fora de Série, 2ª Temporada, pag. 257)

   Eu sempre fico com o pé atrás quando se trata da Paula Pimenta, mas agora que já li a maioria de seus livros, acho que me livrarei disso. Acontece que ela escreve muito bem, simples, e suas histórias também são simples, do cotidiano de um adolescente. Sempre a espero cair no clichê, ficar sem graça, sem causar emoção, e estou ERRADA a todo o momento. Acho que a Paula é a escritora brasileira que mais me faz sentir algo, ela conecta seus personagens com os nossos pensamentos, anseios e medos. Seus livros são caprichados, lindos, e para a alegria dos editores, já viraram Best-sellers! Tenho que reconhecer que a Paula Pimenta precisa escrever mais e mais livros, ela tem que continuar a encantar os leitores, a emocionar as pessoas.

Escrito por MsBrown
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quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Eles Não Usam Black-tie, de Gianfrancesco Guarnieri

TIÃO – Ninguém vale nada, pai!
OTÁVIO – Como você tem medo!
TIÃO (irritado) – Mas medo de que, bolas!
OTÁVIO (imperturbável) – De ser pobre… da vida da gente!
TIÃO (com um gesto de quem afasta os pensamentos) – Ah! Tou é nervoso… tou apaixonado, pai… Não liga, não! 
(GUARNIERI, Gianfrancesco. Eles Não Usam Black-tie, p. 42)

  Eles Não Usam Black-tie é uma peça de teatro brasileira escrita em 1955 por Gianfrancesco Guarnieri. De acordo com Delmiro Gonçalves, a peça "foi uma das mais sérias e melhores tentativas de uma dramaturgia urbana brasileira". É uma história despretensiosa sobre a vida de alguns exemplares da classe de operários de uma favela carioca nos anos 1950.
   Em tempos de ocorrer uma greve dos metalúrgicos, com o total apoio de Otávio, Tião, seu filho, descobre que vai ser pai do bebê de Maria. Assim, o jovem de aproximadamente 20 anos quer estabilidade financeira para sustentar sua pequena família e poder sair do morro. Tião foi criado pelos padrinhos, na cidade, e servia como babá para os filhos deles. Nunca se adaptou a vida no morro, sendo operário, tendo que fazer greve para que o salário aumente em mixarias. Tião observa a vida corrida e pesada de Romana, sua mãe, sempre tendo que cuidar do barraco, de lavar roupas para outras pessoas e cuidar de seu marido e dois filhos, e não quer que o mesmo aconteça a Maria.

TIÃO – (…) Nesse mundo o negócio é dinheiro, meu velho. 
Sem dinheiro, até o amor acaba! Pois eu vou sê feliz, vou tê amo, 
e vou tê dinheiro, nem que pra isso eu tenha de puxá saco de meio mundo! 
(GUARNIERI, Gianfrancesco. Eles Não Usam Black-tie, p. 68)

   Tião trabalha na mesma fábrica que seu pai, e com a greve, se aderir, há a possibilidade de ganhar aumento ou ser despedido. Se não aderir a greve, será visto como pelego e traidor, porém poderá se manter estável na fábrica. Em poucas páginas, cerca de 100, as dúvidas e medos de Tião se apercebem pelas falas e maneiras, muitas vezes sob palavras de confiança, escondidas e abafadas no meio de outras personagens que a ideologia de correr atrás dos direitos é o motor da vida.
   Sempre quis ler Eles Não Usam Black-tie. Lembro que o encontrei na biblioteca da escola de Ensino Médio que frequentei porém nunca fui tentada o bastante para pegá-lo emprestado. Agora adquiri um exemplar e consegui ler e me emocionar com as personagens, com seus medos, ideologias, sentimentos, e principalmente no final, que achei que acabou como deveria, ficou aquela sensação estranha de muita luta emocional e pouca conquista, bem semelhante à realidade. A peça é para ser popular, foi escrita como fala o povo, e é sobre as lutas do povo. É sobre as pessoas que não usam black-tie, mas que acordam tão cedo para trabalhar e ter um tempinho à noite para ser feliz, ao som de um samba tocado por Juvêncio, um manco, numa noite chuvosa...
Eles Não Usam Black-tie, de
Gianfrancesco Guarnieri

Nosso amor é mais gostoso,
Nossa saudade dura mais
Nosso abraço mais apertado
Nós não usa as "bleque-tais".

Minhas juras são mais juras
Meus carinhos mais carinhoso
Tuas mão são mãos mais puras,
Teu jeito é mais jeitoso...
Nós se gosta muito mais,
Nós não usa as "bleque-tais"...
(GUARNIERI, Gianfrancesco. Eles Não Usam Black-tie, p. 24)

   A peça possui 3 atos e 6 quadros, e é ambientada no barraco de Romana. Foi representada pela primeira vez em 1958, no Teatro de Arena de S. Paulo, com direção de José Renato e performada por Miriam Mehler como Maria, Gianfrancesco Guarnieri como Tião, Lélia Abramo como Romana e Eugênio Kusnet como Otávio. Em 1981, foi lançado o filme com mesmo nome dirigido por Leon Hirsziman, e estrelado por Gianfrancesco Guarnieri como Otávio, Fernanda Montenegro como Romana, Carlos Alberto Riccelli como Tião e Bete Mendes como Maria, com música tema de Adoniram Barbosa, Chico Buarque de Hollanda e Gianfrancesco Guarnieri. Leon Hirsziman recebeu o prêmio FIPRESCI e o Grande Prêmio Especial do Juri no Festival de Veneza, o prêmio Grand Coral no Festival de Havana, Guarnieri recebeu o troféu APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) por Melhor Ator, e ganhou o Margarida de Prata. O filme recebeu atenção especial de John D. French, um professor do Departamento de História da Duke University, que pesquisou a representação social do filme e a verossimilhança com a classe operária brasileira dos anos 50 e 70, clique aqui.
   Guarnieri identifica sua obra como "uma visão romântica do mundo. Pressupõe uma série de valores básicos, imutáveis, através dos quais os problemas surgem, estourando os conflitos, os homens se debatem, mas tudo chegará a bom termo graças a uma providencial ordem natural das coisas, atingindo-se no tempo a harmonia geral esperada, em virtude de uma tomada de 'consciência'. Black-tie, no fundo, é uma peça idealista" que "reflete corretamente muitos aspectos da realidade brasileira".
   Penso que o sucesso da obra se dá por sua sinceridade, por sua representação sócio-política brasileira, pela escrita coloquial e por todo o sentimentalismo que as falas de Maria e Tião se inundam, contrapostas pelas falas de vivência dura de Romana e ideologias políticas de Otávio. É uma história atemporal.

ROMANA – É a verdade, e da verdade ninguém escapa, meu nego. 
E depois, cadeia foi feita pra ladrão, caixão pra defunto. 
Pra que ficá enganando os outros. É o fim mesmo. É ou não é minha filha? 
(GUARNIERI, Gianfrancesco. Eles Não Usam Black-tie, p. 36)

Escrito por MsBrown
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quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Caminhando na Chuva, de Charles Kiefer

Acho que o homem é um amontoado de leituras, de músicas, 
de pinturas e de genes. Penso que o meio influencia a formação 
da personalidade, não influencia?  
(KIEFER, Charles. Caminhando na Chuva, pag. 13)

   Em 1982, Túlio Schüster tem 20 anos e mora em Pau-d"Arco, cidade do interior do Rio Grande do Sul. Neste ano decide registrar suas memórias, contando partes de sua infância, de seus pais, seus avós, de seu primeiro amor chamado Rosana (que Porto Alegre comeu). Esta é a história desenvolvida em Caminhando na Chuva, de Charles Kiefer.
Caminhando na Chuva, de Charles Kiefer
   Túlio é filho único, mas nem por isso teve tudo o que sempre quis. Seu pai é caminhoneiro, sua mãe costureira, e são separados. Sendo pobre, Túlio percebe algumas limitações em sua infância e adolescência. Tímido, gosta de livros (há muitas referências em sua narração, incluindo Machado de Assis, Loyola Brandão, Proust, Graciliano Ramos), gosta de pescar, ouvir histórias de seu avô e admira as mulheres. Com capítulos curtos e apenas 113 páginas, o livro é tocante, parece que é a vida do próprio autor sendo contada para nós, talvez até durante um dia de chuva, dentro de uma sala aconchegante com a iluminação um pouco fraca. É mais um livro de memórias da personagem do que um livro de amor homem-mulher, embora esse elemento esteja presente nas mais simples frases, quando o narrador cita Rosana aqui e ali, e quando finalmente nos apresenta a ela, a Rosana que Porto Alegre comeu.

Cultura é uma forma de status. 
(KIEFER, Charles. Caminhando na Chuva, pag. 81)

   A única coisa que me irritou foi a falta de justificação do texto, ou seja, o texto não estava alinhado à margem direita. Depois de algum tempo, porém, quando estava completamente envolvida com a vida de Túlio, isso parou de me incomodar. A personagem de Túlio começa tentando não ser pretensiosa, se perde em pensamentos, sempre comentando isso ao decorrer do assunto, sempre tentando voltar ao que devia falar desde o início; no meio Túlio para de divagar tanto, consegue manter o pensamento em linha mais reta. Não há muito o que falar deste livro, pois é um retalho de fatos lembrados, e se eu dizê-los a vocês, acabarei reescrevendo a história.


Quando chove — gosto de dia de chuva —, saio a caminhar. 
Por que prefiro caminhar quando chove? Os outros, os habitantes 
bisbilhoteiros e chatos, estão em suas casas, por isso saio na chuva. 
Não faz mal que me molhe, pegue gripe, resfriado, essas coisas. 
Vale a pena, vale mesmo. A cidade solitária, sem o ruído desses 
habitantes barulhentos, se abre, se dá. 
(KIEFER, Charles. Caminhando na Chuva, pag. 18)

   A edição que li, que foi lançada em 2012, possui dois especiais, uma "Fortuna Crítica": A Leitura em Caminhando na Chuva, de Charles Kiefer, por Sissa Jacob e O Memorial Adolescente de Charles Kiefer, por Deonísio da Silva. O primeiro, publicado originalmente na revista Leitura, Teoria & Prática, de Campinas, é uma análise da pessoa que Túlio se tornou e a relação dele com os livros, com a literatura, e porque ela é tão importante em sua vida. O segundo, da Universidade Estácio de Sá, do Rio de Janeiro, nos coloca na história do Brasil e na repressão existente durante a infância e adolescência de Túlio, por conta da ditadura, levando-nos a compreender melhor as limitações que o menino percebeu ao seu redor, destacando um importante ponto: 

Túlio lê muita ficção. E a ficção o salva, na medida em 
que lhe possibilita inventar também a sua história.
(SILVA, Deonísio. O Memorial Adolescente de Charles Kiefer)

Escrito por MsBrown
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sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

A Bandeja qual pecado te seduz?, de Lycia Barros

Do lado esquerdo de cada degrau da escada havia sete 
homens altos e vestidos de branco. Todos olhavam 
na minha direção. Na minha concepção, pareciam anjos. 
Cada um deles segurava uma bandeja de prata e em cima 
delas havia uma maçã. Por um motivo insondável, aquelas 
não eram como as outras maçãs. Eram magnificamente 
vermelhas e extremamente aromáticas, reluziam ao sol 
ainda mais do que a própria bandeja, destacando-se na paisagem verde. 
(BARROS, Lycia. A Bandeja, pag. 46)

   A Bandeja — Qual Pecado te Seduz?, de Lycia Barros, é um romance brasileiro que trata de questões amorosas e religiosas. É, acima de um livro romântico, um romance cristão (o primeiro romance gospel brasileiro).
   O livro foi lançado em 2010 e desde que eu descobri um vídeo da autora num blog na internet eu me interessei por suas obras. A Bandeja era seu único livro até então, com uma premissa que não me interessou a princípio, devido ao que pensei ter muito conteúdo religioso. Agora fico feliz por tê-lo lido e por ter me lembrado a tempo que, como um romance realista, o fato de haver conteúdo religioso é importante pois faz parte da realidade de muitas pessoas (até então eu tinha lido livros, em sua maioria, que encaravam a ideia de religião de maneira meio sombria).
   Angelina é a personagem principal. Ela tem pais super-protetores, seus amigos Natasha e Dante, e todos frequentam a igreja. Ela passa no vestibular e vai cursar Letras na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Esse pequeno fato, essa chave de independência, traz muitas mudanças para a garota. Primeiro, ela tem que dividir um quarto na república com Michele, que gosta de fumar maconha e ir para baladas sempre. Segundo, ela se apaixona por seu professor de Linguística, Alderico, ou simplesmente Rico. E esse romance é o que dá rumos à história, não apenas porque Angelina está perdidamente apaixonada por Rico, mas porque ela começa a ter sonhos com anjos que seguram pecados em bandejas, sinais enviados por uma força maior para que ela não perca a cabeça.

No meio da nossa agradável conversa, 
meu celular tocou. Era meu pai. Que faro! 
Tremi nas bases. O que iria dizer? Que estava 
com um professor no meu quarto, quase à meia-noite, 
tomando uma inocente sopa? 
(BARROS, Lycia. A Bandeja, pag. 57)

A Bandeja, de Lycia Barros,
romance de estreia da autora
   Nos sonhos, há sete anjos. A cada vez que Angelina tem esses sonhos, algo acontece com os anjos (até restar apenas um), e com ela mesma. No começo, ela fica fascinada pelos objetos que eles trazem acima da bandeja. São símbolos que a garota tentará traduzir e, se descobrir o significado a tempo, pode conseguir se salvar do que sente. O livro contém pequenos trechos da Bíblia, partes que Angelina lê ou se lembra conforme as situações ocorrem.

   O cenário que Lycia Barros descreveu, com as personalidades inseridas, é basicamente o que ocorre numa faculdade. Em Petrópolis, RJ, Angelina se descobre com a ajuda de algumas pessoas que um leitor atento conseguirá entender mais rápido. Bem escrito, com personagens realistas e enredo consistente, Lycia Barros lançou seu romance de estreia. Este romance é muito especial pelo fato de trazer a conversa sobre Deus a tona entre adolescentes, sem deixar de dizer vários pontos de vista e de discutir sobre relacionamentos amorosos, amizade e família.
   A autora apresenta uma nova explicação do que é o amor. No começo, fiquei meio apreensiva pois Angelina me pareceu muito ingênua e inocente, como se tudo o que estivesse acontecendo não fosse cabível no mundo dela, como se tudo fosse uma novidade imensa e por isso ela não aceitava bem muitas coisas. Ela julgou as pessoas, assim como as pessoas julgavam-a por ela ser quem era, o que é plausível, mas me fez pensar nela como do tipo que prega algo que não acredita ou que não faz. Michele me pareceu mais autêntica, que fazia as coisas e sabia porque as fazia, fosse bem ou mal. Dante também foi muito sincero consigo mesmo. Rico só estava apaixonado, assim como Angelina, porém havia algumas pedras no caminho.
   Recomendo às pessoas que estiverem entrando na faculdade e que gostam de livros com mensagens/reflexões sobre Deus. Sôninha Senra, do Cantando Livros, criou uma música sobre o livro, para ouvir clique aquiNo site da autora, clique aqui, você pode ler o primeiro capítulo do livro. 

Reconheci que estava explodindo de amor por ele. 
A música ainda soava na minha cabeça. Tive certeza que, 
por um amor como esse, eu andaria na chuva com ele de novo, 
tomaria banho de lama sem reclamar, iria a pé do Rio 
a Petrópolis só para vê-lo e decoraria todos os versículos 
da Bíblia se fosse necessário. 
(BARROS, Lycia. A Bandeja, pag. 212)

Escrito por MsBrown
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terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto

Não se sabia bem onde nascera, mas não fora decerto 
em São Paulo, nem no Rio Grande do Sul, nem no Pará. 
Errava quem quisesse encontrar nele qualquer regionalismo: 
Quaresma era antes de tudo brasileiro. 
(BARRETO, Lima. Triste Fim de Policarpo Quaresma, pag. 18)

   Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, foi primeiramente publicado em folhetins no Jornal do Commercio, em 1911 e em livro em 1915. A história apresenta Policarpo Quaresma, mais conhecido por Major Quaresma, um adorador do Brasil, um patriota que tem planos de devolver ao país as mais antigas tradições.
   Se a língua definitivamente brasileira era o tupi-guarani, o correto seria toda a população ter como língua oficial o tupi-guarani. Cumprimentar conhecidos com as mãos? Não, o mais aceitável seria chorar ao ver conhecidos, pois essa era a tradição dos tupinambás. A moda de viola, o estudo dos rios, agricultura, indígenas, tudo isso era de pleno interesse para Quaresma, que estudava tudo o que fosse relacionado ao Brasil. Esse patriotismo, no entanto, foi capaz de transformá-lo num quase recluso da sociedade,
Triste Fim de Policarpo Quaresma,
de Lima Barreto
motivo de riso entre todos e mesmo onde trabalhava como subsecretário no Arsenal de Guerra.
  O narrador que não participa dos eventos conta-nos a história parecendo estar preocupado com Quaresma, quase como se quisesse dizer “Não seja tão radical”. O que se espera de alguém que age da maneira com o que o major agia, sempre enaltecendo a pátria e esquecendo-se de conviver mais com as pessoas e tentar entendê-las em sua vontade de não ser como ele, de não ser 100% nacionalista?
   Outras personagens têm destaque. Ricardo Coração dos Outros é o tocador de viola e compositor, que tenta ensinar a Quaresma esta arte; Olga, a afilhada do major, que nutre por ele um carinho especial porém é um tanto distante do mesmo; o marechal Floriano Peixoto (retrata a participação de Quaresma na Revolta Armada, fazendo parte da tropa de Floriano. O conflito ocorreu em 1893-1894, liderado pela Marinha Brasileira contra o presidente Floriano Peixoto) e a que mais me chamou atenção foi Ismênia, filha do general Albernaz, o vizinho, por ter sido ensinada implicitamente em toda a sua vida que o casamento era a coisa mais importante que lhe poderia acontecer e por isso ela não se conecta a nada além, nem aos sentimentos de amor… Você pode saber mais sobre a história (com "spoilers") clicando aqui.
   Triste Fim de Policarpo Quaresma é um romance de crítica à história do Brasil. Quaresma é internado num hospício num dado momento da narração e por volta de 1915 o autor Lima Barreto, depressivo e alcoólatra, é internado no Hospício Nacional de Alienados. Coincidência…?
   Conheci a obra através de uma indicação e li porque é um importante livro da literatura brasileira. Durante o tempo de leitura, eu estava muito distraída e deve ser por isso que não consegui me envolver tanto com as desventuras de Quaresma, porém reconheço a importância histórica, os sentimentos tratados aqui e o recomendo para qualquer pessoa que, com a mente aberta para entender que o fim é triste mesmo, queira conhecer mais desse Brasil antigo.

Desde os dezoito anos que o tal patriotismo lhe absorvia 
e por ele fizera a tolice de estudar inutilidades. 
Que lhe importavam os rios? Eram grandes? Pois que fossem… 
Em que lhe contribuiria para a felicidade de saber o nome 
dos heróis do Brasil? Em nada… O importante é que ele tivesse sido feliz. Foi? 
(BARRETO, Lima. Triste Fim de Policarpo Quaresma, pag. 245)

Escrito por MsBrown
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segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Feérica, de Carolinha Munhóz

Who is going to be the next American Idol?
Ladies and gentleman, how about a fairy?

   Violet Lashian tem cabelo roxo, é uma fada de Ablach e admira tanto o mundo dos humanos que por anos fica pensando na possibilidade de deixar seu mundo, onde ela é negligenciada e tratada como "maluquinha", para viver onde estão as pessoas cheias de glamour as quais admira.
   Feérica é um romance fantástico de Carolinha Munhóz, lançado em 2013. Sua personagem principal é essa fada que, estranhamente, quer viver um conto de fadas! Violet considera que, com tantos desejos realizados dos humanos, eles podem realizar o sonho dela. A feérica violeta quer ser famosa. E nada melhor que o maior reality show da TV norte-americana para revelá-la, certo?
   Com 34 anos feéricos e 17 anos humanos, Violet deixa seu mundo após um mal entendido que a envolve num crime de punição eterna. Deixando mãe e irmãs para trás, ela acaba
Feérica, de Carolina Munhóz
lançado em 2013
pela Fantasy - Casa da Palavra
num albergue em Los Angeles. Antônio, o dono do albergue, é o senhor que vai contá-la sobre as audições para o reality show. E Violet ainda duvidava de seu feitiço de sorte!
   Nessa aventura ela conhece várias pessoas... Encantando a todos quando abre asas em pleno show, o produtor do programa e sua filha passam a cuidar da fada e a ideia de um reality show mostrando como é a vida dela na Terra é iluminada. Apesar de Michael, seu agente, querer um programa que a mostre como fada, e não como uma "aspirante a humana causadora de problemas", ainda tem muita paciência com a fada que se admira com relógios, Sucrilhos, máquina caça níquel do Bruce Lee (ok, aí todos nós ficamos abobalhados) e que frequenta os lugares mais badalados de Los Angeles e Las Vegas, baby! Ao lado de Sabrina, filha do produtor, Violet se infiltra no mundo das celebridades, aproveitando cada pedacinho da cidade dos anjos.

 Meu nome é Violet Lashian. Acho que para vocês eu 
teria uns 17 anos e quero ser o próximo ídolo americano 
porque vocês estão acostumados a verem fadas realizarem 
os seus sonhos, e acho justo pela primeira vez na vida 
realizarem o sonho de uma fada. 
(MUNHÓZ, Carolina. Feérica, pag. 9)

   Será que Violet vai perder a cabeça? E o que acontece com sua família em Ablach enquanto ela sai com lutadores de UFC, com ídolos americanos, desfila para a Victoria's Secret e faz aparição no programa do entrevistador mais famoso da TV, Dennis Papperman? Essas questões são bem escritas, bem colocadas, e o humor de Dennis Papperman durante a história deixa tudo mais descontraído, conseguindo tirar gargalhadas da plateia e de nós, leitores de seu programa.
   Carolina Munhóz sempre foi uma admiradora de reality shows, e até participou do Ídolos, na adolescência. Notícias recentes divulgam que ela terá seu próprio reality show, em que mostrará como é sua vida sendo escritora ao lado do marido, Raphael Draccon, também escritor. Feérica é um livro de referências do mundo pop, um conto de fadas de uma fada que consegue não apenas encantar a quem assiste ao show, mas a nós, espectadores de seu mundo fantástico. Ler Feérica é estar do lado da fada que apenas quer se sentir bem onde está, que quer entender porque todos a tratavam tão diferente... A autora traça um caminho para Violet que nos ensina, mais que tudo, a aproveitar o momento sem esquecer as raízes. E que quando nos atormentam, basta dizer: Sério mesmo? (dá um sorriso) Bitch, please!

Resultado daquela noite: Violet havia provado 
mundialmente que a Terra era seu parque de diversões 
e não existiam mais reis, rainhas, presidentes ou milionários.
Violet Lashian governava o mundo. 
(MUNHÓZ, Carolina. Feérica, pag. 203)

   Logo que descobri e adorei os livros do Raphael Draccon, descobri a Carolina Munhóz e pensei "Ele não se casaria com alguém que escreve mal, né?", daí li resenhas sobre os livros dela e tive a sorte de ler Feérica, que não é apenas um livro bom, consistente, é diferente e reúne referências que consigo me conectar. Em cada capítulo há uma frase de um programa de TV ou seriado, em inglês e com a tradução. A cada capítulo, há um espaço reservado para a entrevista que está acontecendo no programa de Dennis Papperman, sempre engraçada, e Violet vai contando sua trajetória...
   Não há o que dizer a não ser elogios para o livro nacional fantástico. Sempre digo que não sou muito chegada a livros desse gênero, mas me surpreendo e passo cada vez mais a apreciá-los. Para mim, é muito importante que autores nacionais estejam escrevendo assim, quebrando as barreiras do preconceito. Já é um elogio o livro ser romance fantástico! O Dicionário Web traz como significado da palavra "fantástico" o seguinte: "Que só existe na fantasia. Imaginário. Caprichoso. Extraordinário. Incrível." 

As fadas existiam porque humanos ainda 
acreditavam em sua existência. Violet decidiu que já era 
hora de mostrar que eles tinham motivo para isso. 
(MUNHÓZ, Carolina. Feérica, pag. 28)

Escrito por MsBrown
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terça-feira, 3 de dezembro de 2013

A Garota do Outro Lado da Rua, de Lycia Barros

- (…) Também lembro de como ela brigava comigo 
quando eu ficava dividido entre terminar de arrumar 
o meu quarto ou espiar a sua casa pela janela. – Calei-me por 
dois segundos, embaraçado pelo que acabara de revelar. – Lembro-me 
de você – confessei num murmúrio. 
(BARROS, Lycia. A Garota do Outro Lado da Rua, pag. 52)


   A Garota do Outro Lado da Rua, de Lycia Barros, lançado em 2012, é uma história teen, deliciosa de se ler, com personagens cativantes e enredo conciso.
   Quando descobri este livro embrulhado de presente num papel vermelho, fiquei tão surpresa e feliz! Há tempos queria ler os livros da Lycia Barros e nunca tinha dado certo. Até que este exemplar caiu em minhas mãos, e eu o devorei como deve ser.
   Antes de lermos qualquer livro, sempre achamos que sabemos algo sobre ele. Que sabemos os rumos que a história vai levar. E às vezes esses rumos que imaginamos acontecem, naturalmente. Exceto quando li A Garota do Outro Lado da Rua. Aqui, eu só queria que Enzo se desse bem com Rafaela e que eles fossem felizes. Não digo que isso não aconteceu, mas houve surpresas aqui e ali, uma pitada de "você não imaginou isso, né, leitor?".
   A história se passa no Rio de Janeiro, e tem a Floresta da Tijuca como cenário principal. Enzo é um garoto tímido, inteligente e apaixonado por Rafaela, sua vizinha, desde pequeno. Agora que ele tem 16 anos, continua a observá-la, remoendo-se quando ela está com Mateus (o "bombado" da turma, o popular). Mas eles, apesar de vizinhos e de serem colegas de turma, não se falam. Rafaela é popular, tem um site de moda com mais de 7 mil seguidores e está sempre preocupada com que as pessoas irão pensar dela.


- Nossa… - ela se recostou na parede. – Como pode amar alguém que não te conhece? Somente por vê-la? Não consigo compreender.
A Garota do Outro Lado da Rua, de Lycia Barros
lançado em 2012
- Provavelmente, eu e você temos um tipo diferente de coração. 
(BARROS, Lycia. A Garota do Outro Lado da Rua, pag. 55)

   Numa excursão da turma do colégio à Florestal da Tijuca, acontece um assalto e, assustados, Enzo e Rafaela fogem na mata. Para desespero de ambos, acabam se perdendo. Agora é hora de usar os conhecimentos de Enzo para sobreviverem na florestal, desde que Rafaela cale a boca! A menina, histérica, não consegue ficar muito tempo sem falar. Para aquilo que de início pareceu um sonho realizado para Enzo (imagine, se perder na floresta com a menina de seus sonhos!), tornou-se quase insuportável... Eles brigaram muito, mas também se conheceram melhor e me proporcionaram muitas gargalhadas.
   A história foi muito bem construída, acho eu. Isso porque a autora conseguiu me conduzir até onde queria, conseguiu me fazer entender, a cada passo, qual sua ideia, sua mensagem. A personalidade dos personagens foi crível, real, nada do que não é possível observar em nosso cotidiano. Então o final foi justo, do tamanho que deveria ser (já que, como é clichê dizermos, todo final é um novo começo).
   A autora deu muitas dicas de como sobreviver na floresta. Leitores mais atentos saberão fazer uma fogueira sem fósforo ou isqueiro, saberão o que poderão comer da mata, maneiras para espantar os bichos... Se não fosse uma história de adolescentes se descobrindo, seria um manual de sobrevivência. O que achei muito legal, porque gosto de florestas!
   Os diálogos foram superdivertidos e a única crítica que tenho a dizer agora, e nem é lá uma crítica, é que poderia ser um pouquinho mais extenso, não? Agora eu fico aqui, com saudade dos personagens, de participar em suas vidas...
   No canal da Lycia Barros, no Youtube, é possível assistir ao book trailer e tem um vídeo muito legal com os modelos do book trailer convidando o pessoal para ir ao evento literário de divulgação de A Garota do Outro Lado da Rua (clique aqui).


- Acho que debaixo dessa fachada fútil, 
existe uma pessoa realmente especial. É impossível 
que alguém vazio pudesse emanar tanto brilho. Se você 
juntasse o que tem por dentro, com o que já tem por fora, 
a verdadeira Rafaela seria simplesmente imbatível. 
(BARROS, Lycia. A Garota do Outro Lado da Rua, pag. 91)


Escrito por MsBrown
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