Moise e o Mundo da Razão, de Tennessee Williams |
— É que o meu
mundo não é o mundo de vocês. Seria uma insuportável banalidade proclamar que
cada um de nós é o habitante único de seu mundo particular. De forma que eu não
conheço o mundo de vocês e vocês não conhecem o meu. A mim, é claro, me parece
perfeitamente evidente que o mundo de vocês é, relativamente, um mundo que
contém certa dose de razão.
(WILLIAMS,
Tennessee. Moise e o Mundo da Razão, pag. 22)
Moise e o Mundo da Razão (Moise and the
World of Reason), de Tennessee Williams, é o primeiro romance escrito pelo
autor estadunidense, lançado em 1975. Conhecido por suas peças de teatro, mais
uma vez os temas que o marcaram voltam à tona em uma história sobre
homossexualidade, perda, devaneios e lembranças do passado.
O livro é narrado pela personagem que se
designa como “ilustre escritor fracassado”, e que não cita seu nome. É um homem
de trinta anos que tem como amante Charlie, um homem de vinte anos, e possui
grande carinho por Moise, uma pintora que, logo no início da história, faz seu
discurso sobre estar deixando o mundo da razão. Conhecemos Lance, o primeiro
amor do escritor, “um turbilhão negro sobre o gelo”, que morreu patinando no
gelo e deixou ao escritor a parte do armazém em que moravam, “o retângulo com
ganchos”.
Durante treze
anos não houve nada de grande
importância na minha vida além daquele patinador
no gelo,
de Moise e deste meu costume de procurar escrever as coisas
em detalhe
numa longa série de cadernos Blue Jay.
(WILLIAMS,
Tennessee. Moise e o Mundo da Razão, pag. 57)
Agora, escrevendo nos cadernos Blue Jay e
nas cartas de rejeição das revistas e editoras, sentado no BON AMI, um caixote,
o “ilustre escritor fracassado” relata como Moise fez seu discurso e o efeito
dele no restante do livro. A história é dividida em quatro capítulos; penso eu
que se houvessem capítulos menores e talvez fosse dividida em quatro partes,
seria mais interessante e a leitura mais dinâmica, mais envolvente.
Tendo lido outros livros do autor, esperava
que este em questão me emocionasse mais, assim como Um Bonde Chamado Desejo,
por exemplo. A história não me tocou, exceto em raros momentos. Pareceu-me uma
aventura sem nexo, retalhos de acontecimentos que a personagem principal
descrevia, um começo inesperado com um final inesperado, e não no bom sentido.
Tennesse Williams deixou Moise e o Mundo da Razão como sua despedida do mundo
literário. O simbolismo de sua obra deve ser mais estudado, e recomendo às
pessoas que, se abrirem a mente, possam desfrutar dessa história que coloca em
questão o mundo da razão.
— Eu diria que
na sua idade já devia ter aprendido que tem de suportar uma porção de coisas
desagradáveis.
— Sim, inclusive
a mim mesmo. Me lembro de que uma vez o animador de um programa de TV me
perguntou: “O senhor gosta de si mesmo?” Respondi com um olhar vazio e um
silêncio, e ele insistiu: “O senhor adora a si mesmo?”, e finalmente respondi:
“Bom, eu estou amarrado a mim mesmo e tenho de me aturar de qualquer maneira”.
(WILLIAMS,
Tennessee. Moise e o Mundo da Razão, pag. 109)
Escrito por MsBrown
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