O Retrato de Dorian Gray, filme de 1945 |
O Retrato de Dorian Gray (The Picture of Dorian Gray), de Oscar
Wilde, foi o único romance escrito pelo autor irlandês, em 1890. Em 1945, a
Metro-Goldwyn-Mayer lançou o filme com mesmo nome. O filme, indicado ao Oscar
de 1946, é aqui analisado comparando-o ao livro. A história é sobre Dorian Gray,
um jovem belo e inocente que deseja que o retrato que Basil Hallward pintou
dele absorva a velhice e as expressões interiores (sentimentos que modificam a aparência), e que ele próprio continue para sempre o
mesmo, com a aparência de seus vinte anos. Dorian recebe influências negativas
de Lord Henry Wotton, e se transforma em alguém que não reconhece o sentimento
das pessoas ao seu redor.
O filme foi
dirigido por Albert Lewin e estrelado por George Sanders como Lord Henry, Hurd
Hatfield como Dorian Gray, Lowell Gilmore como Basil Hallward, Angela Lansbury
como Sibyl Vane e Donna Reed como Gladys Hallward.
Dorian Gray e Sybil Vane, uma das cenas mais tocantes |
O filme fala quase sempre as
mesmas falas do livro. Você reconhece até mesmo quando um personagem diz ou
pensa a fala de outro. Há um personagem que não deveria existir, como por
exemplo a Gladys, sobrinha de Basil Hallward apresentada logo no início, ainda
criança, e por quem Dorian se apaixona no final. Sibyl Vane é a garota por quem
Dorian se apaixona em ambos os dramas. Em um ela é atriz, em outro, cantora. Há
um gato egípcio que não consta nos escritos de Oscar Wilde, que é o que
possibilita o desejo de Dorian de acontecer.
Lord Henry, interpretado por George Sanders |
O narrador do
filme pareceu tirar a obrigação do ator que interpretou Dorian de atuar. Poucas
foram as cenas em que foi possível reconhecer alguma emoção no rosto de Hurd
Hatfield. No todo, ele ficou apenas lá, olhando indiferente para tudo e todos,
e o narrador lendo os escritos do livro ou acrescentando verdades. Isso me
chateou bastante.
O ator que
interpretou Lord Henry atuou um tanto melhor. Devo lembrá-los de que não sou
nenhuma “analista” de cinema, mas devo dizer também que o filme não me agradou
pelas atuações principais e pela mudança de cenas que sinceramente acho que
seriam melhores se fossem como no livro. A atriz que interpretou Sibyl, no
entanto, trouxe algum charme para o filme, porque cantou uma música linda com
emoção (mas a Sibyl do livro não é cantora, apenas atua as peças de Shakespeare).
Picture of Dorian Gray, de Ivan Le Lorraine Albright |
O quadro que
aparece no filme foi pintado por Ivan Le Lorraine Albright, um artista norte-americano
que era conhecido por pintar o macabro. A finalização do quadro se deu com o
término das filmagens pois o pintor tinha que acrescentar detalhes conforme o
desenrolar da história. Atualmente a obra se encontra no Instituto de Arte de
Chicago.
O filme foi
indicado ao Oscar por Melhor Direção de Arte Preto e Branco, Melhor Atriz
Coadjuvante (Angela Lansbury) e ganhou por Melhor Cinematografia Preto e
Branco, além do Globo de Ouro por Melhor Atriz e o Hugo por Melhor Drama.
Pessoalmente não
gostei tanto do filme. No livro vi uma perfeição que não poderia ser
transferida para as telas, um apego enorme não me deixou curtir o filme como
deveria. Mas recomendo a todos que leiam o livro pois a história é muito
interessante, e o filme para quem gosta de antigos (lembre-se que teve
indicações ao Oscar!).
Gladys e Dorian |
Dorian e o Retrato de Dorian Gray |
"Ao envelhecermos, nossa memória é assaltada pelas tentações que não tivemos coragem de vivê-las. O mundo é seu por uma estação. Seria trágico que compreendesse tarde demais que somente uma coisa vale a pena... a juventude." Lord Henry W.
Escrito por MsBrown
MsBrown, acredita que eu não conferi nenhuma das obras? Morro de vontade vontade de ler o livro, e quero poder fazer isso antes de conferir a adaptação. Gostei muito da sua postagem! Bem completa e esclarecedora... agora eu sei exatamente o que me aguarda na trama. :D Vou procurar ler agora que seu post me deu uma estimulada ainda maior.
ResponderExcluirUm abraço!
universoliterario.blogspot.com.br
Não concordo a respeito da atuação do ator que interpretou Dorian,pois a personagem não podia demonstrar emoção,uma vez que o quadro se apoderou de todas elas,levando a culpa de todas as sua maldades.Para a época,achei um ótimo filme,pois os efeitos de luz no assassinato de Basil,transformam o rosto de Dorian em pura maldade.
ResponderExcluirOlá, aprecio seu comentário. De fato, o quadro tinha que demonstrar todas as emoções e não o Dorian. Porém, até no início do filme notei isso, quando ele ainda não tinha feito seu desejo...
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