CHANCE:
(…) Eu não sabia que havia um relógio neste quarto.
PRINCESS:
Eu acho que há um relógio em cada quarto onde as pessoas vivem…
(WILLIAMS. Sweet Bird of Youth,
pag. 110)
A peça teatral Doce Pássaro da Juventude (Sweet Bird of Youth), lançada em 1959
por Tennesse Williams, foi produzida na Broadway e também no cinema, tratando
assuntos tão sérios porém tão brevemente.
Chance Wayne é aspirante
a ator. Está no mesmo quarto de hotel em St. Cloud, Flórida (cidade onde nasceu
e está visitando) que Princess Kosmonopolis, a atriz Alexandra Del Lago, que
pensa que seu filme de “come back”, seu retorno ao cinema, foi um fiasco. A
atriz quer apenas esquecer a vida que leva (as críticas dos cinéfilos), por
isso se registrou no hotel com um pseudônimo. Já Chance está interessado na
ajuda da atriz para conseguir participar de um filme. Ambos enfrentam o tempo,
a perda da juventude.
Conhecemos a história
de amor de Chance com Heavenly Finley, a ira de Tom “Boss” Finley (pai de
Heavenly) contra Chance, sabemos os motivos porque muitas pessoas dizem a ele
para ir embora da cidade e o pânico da Princess acerca de sua atuação e
aceitação nas telas do cinema. Temos uma história sobre interesse, amor e principalmente
a luta contra o tempo…
CHANCE: Cada vez
que eu voltava para St. Cloud
eu tinha o amor dela para voltar…
PRINCESS: Algo
permanente em um mundo de mudanças?
CHANCE: Sim,
depois de cada desapontamento, cada falha em algo,
eu voltaria para ela como
iria para um hospital.
(WILLIAMS. Sweet Bird of Youth,
pag. 48)
Capa da edição lida. As demais peças já foram resenhadas aqui e aqui. |
Não posso dizer
que adorei este livro. Como tenho lido outros do Tennessee, ficou difícil
classificá-lo tão bom quanto os outros. Aqui o final foi ficando cada vez mais
interessante, porém senti falta de maior exploração dos assuntos nele tratados
(morte, doenças venéreas etc). Por exemplo, no primeiro ato, na primeira cena,
Chance é notificado de que sua mãe faleceu. E é isso. Penso eu que se Tennessee
tivesse explorado essa parte um pouco mais séria ficaria bem melhor, mas é
claro que cuidando para que essa expansão do assunto não se tornasse clichê,
mas poderia explicar melhor a personalidade de Chance. O livro não me causou
fortes emoções, apesar de tratar temas sérios (retomando a discussão anterior,
por conta dos problemas terem sido tratados muito brevemente, o sentimento não
se passou para mim, a leitora), no entanto é fácil de ser lido (li em inglês) e
o desfecho foi com uma fala que eu particularmente adorei:
CHANCE
(…): Eu não peço por sua compaixão,
mas
apenas pela sua compreensão — não, nem isso — não.
Apenas
pelo seu reconhecimento de mim em você,
e do inimigo, o tempo, em todos nós.
(WILLIAMS. Sweet Bird of
Youth, pag. 111)
A peça se
transformou em filme em 1962, dirigido por Richard Brooks e estrelado por Paul
Newman (como Chance), que foi indicada ao Globo de Ouro como Melhor Ator de
Drama, Geraldine Page (como Princess), que foi indicada ao Oscar e ao BAFTA por
Melhor Atriz e ganhou o Globo de Ouro, Shirley Knight (como Heavenly), também indicada
ao Oscar e ao Globo de Ouro por Melhor Atriz Coadjuvante, e Ed Begley (como “Boss”),
que ganhou o Oscar na categoria de Melhor Ator Coadjuvante e foi indicado ao
Globo de Ouro. A peça também foi adaptada para a televisão em 1989, agora com direção
de Nicolas Roeg, estrelando Mark Harmon (como Chance), Elizabeth Taylor (como
Princess), Cheryl Paris (como Heavenly) e Rip Torn (como “Boss”).
Escrito por MsBrown
Eu adoraria ver a peça. Ler o livro, talvez. Trata-se de uma temática interessante, densa. Acho que vou procurar o filme... fiquei curiosa.
ResponderExcluirAdorei seus comentários. Que bom que a leitura foi proveitosa, apesar da pouca exploração ao longo da trama.
Um abraço!
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