Do lado esquerdo de cada degrau da escada havia sete
homens altos e vestidos de branco. Todos olhavam
na minha direção. Na
minha concepção, pareciam anjos.
Cada um deles segurava uma bandeja de prata e
em cima
delas havia uma maçã. Por um motivo insondável, aquelas
não eram como
as outras maçãs. Eram magnificamente
vermelhas e extremamente aromáticas,
reluziam ao sol
ainda mais do que a própria bandeja, destacando-se na paisagem
verde.
(BARROS, Lycia. A Bandeja, pag. 46)
A Bandeja — Qual Pecado te Seduz?, de Lycia Barros, é um romance
brasileiro que trata de questões amorosas e religiosas. É, acima de um livro romântico, um romance cristão (o primeiro romance gospel brasileiro).
O livro foi lançado em 2010 e
desde que eu descobri um vídeo da autora num blog na internet eu me interessei
por suas obras. A Bandeja era seu
único livro até então, com uma premissa que não me interessou a princípio,
devido ao que pensei ter muito conteúdo religioso. Agora fico feliz por tê-lo
lido e por ter me lembrado a tempo que, como um romance realista, o fato de
haver conteúdo religioso é importante pois faz parte da realidade de muitas
pessoas (até então eu tinha lido livros, em sua maioria, que encaravam a ideia
de religião de maneira meio sombria).
Angelina é a personagem
principal. Ela tem pais super-protetores, seus amigos Natasha e Dante, e todos frequentam a igreja. Ela passa
no vestibular e vai cursar Letras na Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ). Esse pequeno fato, essa chave de independência, traz
muitas mudanças para a garota. Primeiro, ela tem que dividir um quarto na
república com Michele, que gosta de fumar maconha e ir para baladas sempre.
Segundo, ela se apaixona por seu professor de Linguística, Alderico, ou
simplesmente Rico. E esse romance é o que dá rumos à história, não apenas
porque Angelina está perdidamente apaixonada por Rico, mas porque ela começa a
ter sonhos com anjos que seguram pecados em bandejas, sinais enviados por uma
força maior para que ela não perca a cabeça.
No meio da nossa agradável conversa,
meu
celular tocou. Era meu pai. Que faro!
Tremi nas bases. O que iria dizer? Que estava
com um professor no meu quarto,
quase à meia-noite,
tomando uma inocente sopa?
(BARROS, Lycia. A Bandeja, pag. 57)
A Bandeja, de Lycia Barros, romance de estreia da autora |
Nos sonhos, há sete anjos. A cada
vez que Angelina tem esses sonhos, algo acontece com os anjos (até restar
apenas um), e com ela mesma. No começo, ela fica fascinada pelos objetos que
eles trazem acima da bandeja. São símbolos que a garota tentará traduzir e, se
descobrir o significado a tempo, pode conseguir se salvar do que sente. O livro
contém pequenos trechos da Bíblia, partes que Angelina lê ou se lembra conforme
as situações ocorrem.
O cenário que Lycia Barros
descreveu, com as personalidades inseridas, é basicamente o que ocorre numa
faculdade. Em Petrópolis, RJ, Angelina se descobre com a ajuda de algumas
pessoas que um leitor atento conseguirá entender mais rápido. Bem escrito, com
personagens realistas e enredo consistente, Lycia Barros lançou seu romance de
estreia. Este romance é muito especial pelo fato de trazer a conversa sobre Deus a tona entre adolescentes, sem deixar de dizer vários pontos de vista e de discutir sobre relacionamentos amorosos, amizade e família.
A autora apresenta uma nova explicação do que é o amor. No começo, fiquei meio apreensiva pois Angelina me pareceu muito ingênua e inocente, como se tudo o que estivesse acontecendo não fosse cabível no mundo dela, como se tudo fosse uma novidade imensa e por isso ela não aceitava bem muitas coisas. Ela julgou as pessoas, assim como as pessoas julgavam-a por ela ser quem era, o que é plausível, mas me fez pensar nela como do tipo que prega algo que não acredita ou que não faz. Michele me pareceu mais autêntica, que fazia as coisas e sabia porque as fazia, fosse bem ou mal. Dante também foi muito sincero consigo mesmo. Rico só estava apaixonado, assim como Angelina, porém havia algumas pedras no caminho.
Recomendo às pessoas que estiverem entrando na faculdade e que gostam de livros com mensagens/reflexões sobre Deus. Sôninha Senra, do Cantando Livros, criou uma música sobre o livro, para ouvir clique aqui. No site da autora, clique aqui, você pode ler o primeiro capítulo do livro.
Reconheci que estava explodindo de amor por
ele.
A música ainda soava na minha cabeça. Tive certeza que,
por um amor como
esse, eu andaria na chuva com ele de novo,
tomaria banho de lama sem reclamar,
iria a pé do Rio
a Petrópolis só para vê-lo e decoraria todos os versículos
da
Bíblia se fosse necessário.
(BARROS, Lycia. A Bandeja, pag. 212)
Escrito por MsBrown
Se utilizar de questões religiosas para nos remeter a realidade através de um romance fictício é uma ótima sacada. Parece ser um livro muito bom para os que buscam tramas com teor religioso e reflexivo. Só não gostei muito da Angelina, pelo que você pontuou... talvez eu criasse certo tipo de aversão a essa personagem, mas não desperdiçaria a oportunidade para avaliá-la mediante a situação como um todo.
ResponderExcluirÓtima resenha!
Um abraço!
http://universoliterario.blogspot.com.br/