Carlos Drummond de Andrade nasceu em 1902 em Itabira do Mato Dentro, Minas Gerais. Filho de fazendeiro, não levava jeito para cuidar da terra, mas das palavras.
O poeta Carlos Drummond de Andrade |
Na escola, teve uns momentos difíceis, primeiro tendo de interromper os estudos em 1916 por problemas de saúde e no ano seguinte tendo aulas particulares; em 1920, foi expulso do Colégio Anchieta por "insubordinação mental". No mesmo ano, mudou-se com a família para Belo Horizonte, onde cursou Farmácia e publicou alguns trabalhos em Sociais, uma seção do Diário de Minas. Em 1922, recebeu 50 mil réis como prêmio por seu conto "Joaquim no Telhado", no concurso Novela Mineira. Em 1924 enviou uma carta ao poeta Manuel Bandeira demonstrando sua apreciação e ainda conheceu Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral, importantes nomes para a cultura brasileira.
Drummond casou-se em 1925 com Dolores Dutra de Morais e voltou a Itabira, onde não seguiu a carreira farmacêutica, com a justificativa de que queria preservar a saúde das pessoas. Drummond lecionou Geografia e Português e então voltou para Belo Horizonte para trabalhar como redator-chefe do Diário de Minas. Seu primeiro filho nasceu em 1927, Carlos Flávio, que viveu apenas por meia hora e foi homenageado pelo pai com o poema "O Que Viveu Meia Hora". Depois, nasceu Maria Julieta, em 1928, que mais tarde se tornou cronista, emobra não teve muito destaque. No ano de nascimento da filha, Drummond publicou, na Revista de Antropofagia de São Paulo, o poema "No Meio do Caminho", que foi importante para o movimento Modernista no Brasil e o tornou famoso. Esse poema também produziu um escândalo na imprensa, que o considerou uma provocação pela repetição e pelo uso de "tinha uma pedra" ao invés de "havia uma pedra". Em 1929, trabalhou como auxiliar de redator no jornal Minas Gerais e posteriormente se tornou redator.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
(DRUMMOND. No Meio do Caminho, 1928)
Carlos Drummond de Andrade |
Em 1930, Drummond publicou seu primeiro livro, Alguma Poesia. Foram 500 exemplares, pagos pelo autor. Novamente mudou de emprego e inaugurou A Revista, órgão vanguarda de divulgação do Modernismo no Brasil. Em 1931, seu pai faleceu. Drummond mudou-se para o Rio de Janeiro, em 1933, e nunca mais retornou à Itabira. Trabalhou no Ministério de Educação e Saúde, foi Chefe de Gabinete. Influenciado pelo caos em que o mundo se encontrava, com as guerras mundiais, Drummond lançou o livro Sentimento do Mundo, em 1940, que demonstrava sua insatisfação com o que acontecia além mares e no próprio Brasil, com o Estado Novo - apesar de trabalhar para o governo. Aos 49 anos de idade, Drummond iniciou um relacionamento amoroso com Lygia Fernandes, paralelo ao casamento. Quando fez 80 anos, o poeta foi homenageado com exposições na Biblioteca Nacional e na Casa de Rui Barbosa. Escreveu livros infantis, contos e crônicas, além dos famosíssimos poemas. Em 1987, Maria Julieta, filha do poeta, falece. Doze dias depois, a vez é de Carlos Drummond de Andrade: um nome importante da literatura que se tornou eterno.
Ao escrever poesia, o que procurei fazer foi resolver problemas internos
meus,
problemas de ascendência, problemas genéticos, problemas de
natureza psicológica,
de inadaptação ao mundo, como ele existia. Foi a
minha autoterapia.
(Drummond em entrevista a Zuenir Ventura, da revista Veja-Rio, em 1980)
O crítico Affonso Romano de Sant'Anna, que também fez a crítica do trabalho de Clarice Lispector, clique aqui, definiu a poesia drummondiana como "eu versus mundo":
- Eu maior que o mundo: marcada pela poesia irônica
- Eu menor que o mundo: marcada pela poesia social
- Eu igual ao mundo: abrange a poesia metafísica
Entre 1988 e 1990, a efígie de Drummond foi impressa nas notas de cinquenta cruzados novos. Em Porto Alegre, há uma estátua do poeta, juntamente com Mário Quintana, chamada "Dois Poetas". Em sua cidade natal, Itabira, há um memorial. Drummond também rendeu um documentário de Fernando Sabino e David Neves em 1972, O Fazendeiro do Ar, clique aqui para assistir, e em 2002, outro documentário, de Paulo Thiago, chamado Poeta de Sete Faces.Poemas de Drummond se tornaram populares e são conhecidos até hoje.
Estátua de Drummond
em Copacabana, Rio de Janeiro.
No banco está escrito
"No mar estava escrita uma cidade."
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Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
(DRUMMOND. Os Ombros Suportam o Mundo)
Escrito por MsBrown
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