Na verdade eu era egoísta e geniosa, e não
gostava de aparecer na frente dos outros.
Não era corajosa, e esse emprego
exigia coragem. Sim, emprego:
não se tratava só de um casamento, mas de um
cargo.
(CASS. A Seleção, pag. 219)
A Seleção (The Selection), de Kiera Cass, traz a nação Illéa (antigo Estados Unidos e antigo Estado Americano da China) dividida em castas. Fazendo parte da casta Cinco, que abriga os artistas, America Singer passa por maus bocados. A questão da alimentação, procura por trabalhos e até mesmo os assuntos românticos se tornam complicados. America está apaixonada por um Seis, Aspen, porém o romance parece impossível - eles namoram escondidos e Aspen é orgulhoso demais para permitir que ela se case com ele e se torne uma casta abaixo. No entanto, a família está esperançosa que America seja selecionada para participar da "competição" nacional em que a vencedora se tornará esposa do príncipe Maxon. A Seleção é uma maneira que o governo encontrou para demonstrar ao povo seu apoio, assim casando os príncipes com as castas abaixo.
A Seleção, de Kiera Cass |
America é selecionada e vai ao palácio, juntamente com outras trinta e quatro garotas, entre dezesseis e vinte anos, de diversas castas. Cada qual pretende ou se casar com o príncipe, ou sustentar a família com o dinheiro enviado pelo governo. America está lá pelo dinheiro (e comida) e inicialmente pensa que Maxon, o príncipe, é um esnobe que não reconhece o sacrifício dessas garotas de ficar um tempo longe da família - a Seleção pode durar semanas e meses, até Maxon escolher sua esposa. Mas então a relação entre essa garota Cinco e o príncipe se torna amigável, uma vez que America não mede palavras para se dirigir a ele e mostra-se o tempo todo forte em seus princípios. Entre vestidos pomposos, jantares chiques, sessão de fotos e vídeos, aulas de etiqueta e transmissões pela televisão sobre a Seleção, America conhece garotas que fariam de tudo para ganhar a coroa e outras que são como ela: estão ali por outros motivos. Cabe a America certificar-se que seu novo amigo escolha a garota mais especial dali, e que ela mesma não caia em seu charme.
Aquilo que parecia pouco mais que um programa
de TV para mim
era a única chance que o príncipe tinha de ser
feliz.
(CASS. A Seleção, pag. 128)
Entre aulas de História, conversas com Maxon e recentes ataques ao palácio, fica óbvio para a protagonista que os ataques de rebeldes transmitidos pela televisão são mais sérios e constantes do que imaginara. E mesmo o palácio, com toda a segurança, mostra-se falho. Com isso, ela extrai mais a confiança de Maxon, por sempre estar lá para ouvi-lo quando o governo não vai bem, e quando ele quer apenas espairecer.
Há uma competição de garotas pela coroa, e outra de rebeldes pelo governo. E apenas um príncipe. E uma garota para certificar-se que ele faça as escolhas certas, enquanto ela tenta entender o que aconteceu com seu mundo.
A escrita é simples. A leitura é rápida. A autora não explorou muito os assuntos envolvendo a guerra, a criação da nação de Illéa e, apesar de sempre destacar as castas, também não se aprofundou muito. A meu olhar, é um livro romântico que poderia facilmente acolher diversos assuntos e estender seu público alvo. Por exemplo, se os ataques dos rebeldes fossem mais detalhados, as conversas entre Maxon e America produzissem maior reflexão sobre a política e a questão das castas, a competição em si - garotas fazendo o que fosse preciso para se destacarem e ganhar a coroa -, o livro ficaria mais espesso e íntegro.
Confesso que comecei a ficar preocupada com o rumo da história quando estava quase acabando. Era surpreendente, eu não fazia ideia do que poderia acontecer. Uma página para o livro acabar e... Espere, é assim que acaba? Tudo bem, vai ter continuação. Mas ficou tudo muito apressado e não me deu aquela sensação de livro "perfeito", como costumo dizer. Talvez a continuação mude isso, e estou ansiosa para lê-la. De todo modo, recomendo a leitores de click-lit e distopia mais leves.
Escrito por MsBrown
0 comentários:
Postar um comentário
Comente sempre que quiser. Não deixe de sugerir, criticar e elogiar as postagens, se for o caso. Deixe seu endereço para retribuirmos a visita.