Livro: Olhai os Lírios do Campo
Publicação: 1938/Brasil
RESUMO DA OBRA
A obra retrata a
vida de Eugênio Fontes, em Porto Alegre. Quando garoto, não conseguia sentir
amor por seu pai e não acreditava em Deus, apesar de tentar sentir algo, de
tentar não considerar a pobreza em que vivia um fator limitante de sua vida.
Sofria do complexo de inferioridade, odiava como os pais encaravam o mundo.
Quando jovem adulto, conheceu Olívia na faculdade de Medicina — nas primeiras
páginas do livro é revelado que ela está a morrer — e tornou-se sua amiga e
amante. Perto dela, ele fazia reflexões, entendia que precisava mudar seu modo
de ser. Em sua trajetória, ele decide que é muito importante elevar sua posição
social com um bom emprego de médico, uma tentativa desesperada de parar de se
sentir inferior às pessoas, de não passar por necessidades e esquecer o
passado.
O título do
livro é baseado no trecho bíblico do Sermão da Montanha. Dividido em duas
partes, o romance em primeira mão é denso, com personagens muito bem definidos.
Na segunda parte, Eugênio lê cartas de Olívia e aqui é notado que ela é quase
inumana, ou seja, perfeita, duma visão idealista e surreal do mundo e das
pessoas. Os acontecimentos às vezes parecem aleatórios, sem dar ao leitor uma
explicação razoável de porque estão sendo descritos. Mas o livro agradou muita
gente e hoje é um clássico de Erico Veríssimo.
COMENTÁRIO DAS
AUTORAS
O livro encanta
porque trata detalhes simples da vida de um garoto pobre que simplesmente odeia
sua vida, sabendo que esse sentimento é horrível e faz de tudo para poder
sentir algo bom. Sua busca pelo amor ao pai, a crença em Deus e em si mesmo são
fatores que Olívia o ajuda a enxergar.
É interessante
como os anseios de Eugênio como médico são descritos, suas dúvidas em si mesmo,
como ele trata Olívia — apenas uma confidente e amante quando ele precisa? E a
intriga que há ao redor dela, a história triste que ela viveu…
O autor, no
prefácio do livro, declara “não tenho muita estima por este romance. Acho-o
hoje um tanto falso e exageradamente sentimental. Sua popularidade chega às
vezes a me deixar constrangido.” Ele também diz “Há em Olhai os Lírios do Campo uma filosofia salvacionista barata que me
faz perguntar a mim mesmo como pude escrever tais coisas, mesmo levando-se em
conta o fato de haver atribuído essa filosofia a personagens do livro”. No
entanto, o autor confessa que há partes que ele aprecie ainda e que o comovem
no livro. De qualquer modo, foi esta a obra que possibilitou a Erico Veríssimo
“fazer profissão da literatura”.
TRECHOS
(…) Se Deus
existia, tinha esquecido o mundo, como um autor que esquece voluntariamente o
livro de que se envergonha. Não, mas Deus não
existia. Ele “queria não acreditar” em Deus. Além do mais, achava uma certa
beleza no ateísmo. Pag. 54
(…) Ele queria
apenas aceitar a sua gente, mas
aceitá-la com naturalidade, sem forçar a própria natureza. Pag. 60
(…) Ele então
compreendia num relance a enormidade de seu orgulho, o absurdo de sua vaidade,
a fealdade de seu egoísmo. Um homem superior, ele? Como? Por quê? Que fizera de
extraordinário? Tinha na cabeça meia dúzia de noções ainda confusas. Lera
aferventadamente meia dúzia de livros famosos… Que era isso comparado com a
luta silenciosa dos pais? Que era isso diante dos verdadeiros grandes homens da
humanidade? Ele devia ser humilde, compassivo, tolerante… pag. 61
(…) Ângelo
sorriu para o filho, não um sorriso de quem concede perdão, mas um sorriso
servil e constrangido de quem pede perdão. Perdão por não ter dinheiro, por ser
alfaiate, por andar malvestido, por não passar dum pobre-diabo. (…) Vinha
lamber as mãos dos que lhe davam pontapés. Pag. 62
— Em vez de
olhos tens dois espelhos convexos ou côncavos, sei lá! que deformam as imagens.
Nunca vês as pessoas como elas são, nunca recebes as palavras com o sentido que
elas realmente têm. É o teu maldito complexo de inferioridade. Pag. 174
— Há coisas
engraçadas — disse Seixas, acendendo o cigarro. — Quando nós salvamos um doente
é costume dizer: “Abaixo de Deus, doutor, eu devo a minha vida ao senhor”. Está
bem. Não somos nada. Deve haver alguém maior que governa esta droga. Mas quando
o doente morre, por que é que tiram Deus do brinquedo e só nos culpam a nós? Pag.
197
Achei bonita a capa, queria saber do que realmente se trata o livro. Até mais. http://realidadecaotica.blogspot.com.br/
ResponderExcluirLogo logo postaremos a análise da obra, neste mesmo post!
ExcluirTenho muita vontade de ler algum livro do autor. Vou aguardar a análise desse... quem sabe? :)
ResponderExcluirClube do Livro é uma delícia mesmo!!!! :D
Um abraço!
http://universoliterario.blogspot.com.br
Já li esse livro, é uma ótima opção de nacional*-*
ResponderExcluirBeijos,
ser-escritora.blogspot.com.br/