Quando Theodor Adorno, no início do século passado, lançou o conceito de Indústria Cultural, ele estava falando de algo que se tornaria identidade do mundo ocidental. Para quem não sabe, Indústria Cultural é um termo da sociologia, mas que muitos outros estudiosos utilizam, que prevê a transformação dos bens culturais e artísticos em mercado, produto.
Tal conceito atingiu grande parte das produções da sociedade, o cinema, a música, as artes plásticas, e também o mercado editorial. Um bom exemplo do fenômeno é a transformação de qualquer bestseller em filme. Sabemos que a sétima arte nunca foi tão criativa na hora de criar boas histórias e sempre teve como recurso livros, lendas, óperas, balés...Mas atualmente isto alcançou números absurdos. Basta um livro virar bestseller, ser comentado nas redes sociais e na mídia, logo ouvimos falar de uma adaptação lá pelas bandas de Hollywood.
É claro, o problema não é ter um filme adaptado de um livro, mas a qualidade desse geralmente é inferior e desaponta vários dos que pagam para assistir a obra favorita na tela. Do filme fazem posteres, canecas, bottons, imprimem novas edições do livro com a capa da película (fazendo ligá-lo automaticamente ao filme, não deixando espaço para você constituir os personagens) e tudo se transforma apenas numa forma de ganhar mais e mais dinheiro.
Claro, o inverso também ocorre. Filmes que fazem sucesso, são transformados em livro, álbuns, 'biografias' vide Don't Stop Believing: A Unofficial Guide to Glee.
O maior exemplo de Indústria Cultural que vi nos últimos anos foi uma edição de O Morro dos Ventos Uivantes, lançado em 2009 cuja capa trazia a seguinte informação: 'o livro preferido de Bella e Edward'. Sei que tal informação trouxe novos leitores para este clássico da literatura universal, mas o fato de aproveitar um sucesso juvenil para alavancar as vendas de outro livro me parece um tanto aproveitador. Acredito que todos os que leram Crepúsculo já haviam ficados curiosos para ler o livro de Emily Brontë, a publicidade de Stephanie Meyer já é boa o suficiente para chamar a atenção.
Claro não sou radicalista contra esse fenômeno, apenas não aceito seus absurdos. Não tenho nada contra adaptações, afinal meu filme e livro favoritos é um exemplo de Indústria Cultural. ...E o vento levou foi um fenômeno editorial em sua época, não tendo demorado muito para ir as telas e ser uma das maiores bilheterias da História. Apenas acredito que devemos refletir um pouco antes de consumir todos esses aparatos que nos é fornecido e investir com a certeza de que aproveitaremos o produto.
(da esquerda) Capa da primeira edição, poster do filme, capa das edições atuais |
Escrito por MsMitchell
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