"A arte é uma magia que liberta a mentira de ser verdadeira" Theodor Adorno

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Bonequinha de Luxo, de Truman Capote

   Bonequinha de Luxo (Breakfast at Tiffany's), escrito por Truman Capote, foi lançado em 1958 e escandalizou o público. O livro é narrado por Paul Varjack, um aspirante a escritor, que muda-se para um prédio em Nova York e se torna então vizinho de uma personagem única: Holly Golightly, liberal, prostituta de luxo, que não pertence a nenhum lugar e a ninguém. O relacionamento entre Paul e Holly é amizade, embora eles passem por vários momentos sem se falarem.
Boneca de Luxo, de Truman Capote
(edição de Portugal)
   Holly não se importa com conveniências sociais. Está sempre a tocar a campainha do vizinho Mr. Yúnioshi para ele abrir a porta para ela, pois perde todas as chaves. Certa vez, toca à capainha de Paul pelo motivo das chaves, e é a primeira vez que eles travam diálogo. Não conversam muito, mas Paul se torna especialista em Holly, sabendo tudo sobre ela - tem um gato, toca violão, fuma cigarros esotéricos chamados Picayunes, vive à base de requeijão e tostas, recebe muitas propostas amorosas e quando não se sente bem vai à Tiffany's que tudo melhora...
   Um dia Holly entra para o apartamento de Paul através da escada de incêndio pois há um homem querendo mordê-la em seu apartamento. Neste trecho do livro ficamos sabendo que Holly não gosta de pessoas intrometidas - e coça o nariz quando isso acontece -, fala do irmão Fred - e passa a chamar Paul de Fred -, mas as conversas pulam de um assunto a outro bruscamente se a está incomodando. Vários comentários de Holly irritam Paul, mas logo a irritação é substituída pela admiração: ela fala tudo o que quer, sem se desesperar com o que as pessoas irão pensar. Holly explica a Paul que todas as quintas-feiras visita Sally Tomato na Singsing, uma prisão. Como nem todas as pessoas podem ter acesso à prisão, Holly finge ser sobrinha de Sally e transmite suas mensagens, que pensa que são sobre o clima, ao advogado do preso como confirmação da visita.
   Quando Paul comparece em uma festa no apartamento da vizinha, o agente de atores O. J. Berman revela fatos sobre Holly: ele foi a primeira pessoa no ramo cinematográfico a reparar nela e a "fabricou" para essa indústria, a qual ela abandonou, pois queria conhecer Nova York e de todo modo estava apenas interessada em encontrar um homem que fosse rico. Nesta mesma festa aparecem Rusty Trawier - milionário, a qual a anfitriã mostra-se interessada - e Mag Wildwood - modelo que Holly não gosta muito da companhia porém divide depois o apartamento com ela. José Ybarra-Jaegar, um brasileiro decendente de alemãos e aspirante a presidente do Brasil, aparece adiante no livro, inicialmente como interesse de Mag, porém a situação muda quando Holly descobre que ele é rico.


Ou será que, é uma questão que se impõe, a minha indignação tinha algo a ver com o fato de eu próprio estar apaixonado por ela? Um bocadinho. Porque eu estava apaixonado por ela. Tal como em tempos me apaixonara pela velha cozinheira negra da minha mãe e por um carteiro que me deixava segui-lo nas voltas e por uma família inteira chamada McKendrick. Esse tipo de amor também provoca ciúmes. 
(CAPOTE. Bonequinha de Luxo, pag. 46)


  O livro escandalizou o público na época em que foi lançado por insinuar a homossexualidade de Paul Varjack e a bissexualidade de Holly, assim como os pensamentos liberais da última. É importante ressaltar que foi realizado um filme desse livro, pelo diretor Blake Edwards, estrelando Audrey Hepburn como Holly e George Peppard como Paul, porém alguns trechos foram mudados. No filme, os personagens principais despertam um relacionamento amoroso, Mag não mora com Holly, há uma decoradora que dá dinheiro a Paul que não é nem mesmo citada no livro.
   É difícil dizer se gostei mais do livro ou do filme. Assisti Audrey Hepburn muito antes de ter a chance de ler Truman Capote e, para falar a verdade, no filme tudo é mais bonito e a personagem finalmente percebe o que é bom para ela... Mas com certeza vale a pena ler a obra que deu origem e comparar.



- Estou assustadíssima, trapalhão. Sim, finalmente tenho medo. Porque isto pode continuar para sempre, eu posso continuar para sempre sem saber o que é meu até o jogar fora. O ferro em brasa não é nada. A gorda não é nada. Mas isto... Tenho a boca seca, não era capaz de cuspir nem que disso dependesse a minha vida.
(CAPOTE. Bonequinha de Luxo, pag. 66)


Escrito por MsBrown

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