Acho que o homem é um amontoado de leituras, de músicas,
de
pinturas e de genes. Penso que o meio influencia a formação
da personalidade, não
influencia?
(KIEFER, Charles. Caminhando na Chuva, pag. 13)
Em 1982, Túlio Schüster tem 20 anos e mora em Pau-d"Arco, cidade do interior do Rio Grande do Sul. Neste ano decide registrar suas memórias, contando partes de sua infância, de seus pais, seus avós, de seu primeiro amor chamado Rosana (que Porto Alegre comeu). Esta é a história desenvolvida em Caminhando na Chuva, de Charles Kiefer.
Caminhando na Chuva, de Charles Kiefer |
Cultura é uma forma de status.
(KIEFER, Charles. Caminhando na Chuva, pag. 81)
A única coisa que me irritou foi a falta de justificação do texto, ou seja, o texto não estava alinhado à margem direita. Depois de algum tempo, porém, quando estava completamente envolvida com a vida de Túlio, isso parou de me incomodar. A personagem de Túlio começa tentando não ser pretensiosa, se perde em pensamentos, sempre comentando isso ao decorrer do assunto, sempre tentando voltar ao que devia falar desde o início; no meio Túlio para de divagar tanto, consegue manter o pensamento em linha mais reta. Não há muito o que falar deste livro, pois é um retalho de fatos lembrados, e se eu dizê-los a vocês, acabarei reescrevendo a história.
Quando chove — gosto de dia de chuva —, saio a caminhar.
Por
que prefiro caminhar quando chove? Os outros, os habitantes
bisbilhoteiros e
chatos, estão em suas casas, por isso saio na chuva.
Não faz mal que me molhe,
pegue gripe, resfriado, essas coisas.
Vale a pena, vale mesmo. A cidade
solitária, sem o ruído desses
habitantes barulhentos, se abre, se dá.
(KIEFER, Charles. Caminhando na Chuva, pag. 18)
A edição que li, que foi lançada em 2012, possui dois especiais, uma "Fortuna Crítica": A Leitura em Caminhando na Chuva, de Charles Kiefer, por Sissa Jacob e O Memorial Adolescente de Charles Kiefer, por Deonísio da Silva. O primeiro, publicado originalmente na revista Leitura, Teoria & Prática, de Campinas, é uma análise da pessoa que Túlio se tornou e a relação dele com os livros, com a literatura, e porque ela é tão importante em sua vida. O segundo, da Universidade Estácio de Sá, do Rio de Janeiro, nos coloca na história do Brasil e na repressão existente durante a infância e adolescência de Túlio, por conta da ditadura, levando-nos a compreender melhor as limitações que o menino percebeu ao seu redor, destacando um importante ponto:
Túlio lê muita ficção. E a ficção o salva, na medida em
que lhe possibilita inventar também a sua história.
(SILVA, Deonísio. O Memorial Adolescente de Charles Kiefer)
Escrito por MsBrown
É muito bom este livro!
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