“Heil Hitler”, disse, o que Bruno presumia ser outra forma de dizer:
“Bem, até logo, tenha uma boa tarde”.
(BOYNE. O Menino do Pijama Listrado, pag. 53)
“Bem, até logo, tenha uma boa tarde”.
(BOYNE. O Menino do Pijama Listrado, pag. 53)
O Menino do Pijama Listrado, de John Boyne, foi muito consagrado
pela crítica e considerado uma possibilidade pelo USA Today de se tornar uma introdução ao tema nazismo tanto quanto O Diário de Anne Frank foi a sua época.
O livro que tive em mãos esses
dias não dizia muito sobre a história. Na orelha da capa, por exemplo, havia
uma explicação de que era quase impossível moldar uma sinopse à trama, e a
única dica que há é a que existe no livro um garoto de nove anos chamado Bruno
(embora não seja um livro recomendado para essa faixa etária) que se depara com
uma cerca. Pronto. Só isso. E os editores, confiantes, sabiam que essas
informações seriam capazes de atiçar a curiosidade dos leitores.
O Menino do Pijama Listrado, originalmente publicado em 2006 |
A história se inicia com Bruno e
sua família tendo de mudar de casa, porque o pai (que é comandante e muito
importante para o Fúria) precisa se estabelecer nesse novo lugar — um lugar
feio, com uma casa de apenas três andares, onde pode se avistar ao longe uma
cerca de arame e outras casas estranhas, cheios de pessoas vestindo um pijama
listrado e um boné, aparentemente tristes, como se nunca rissem na vida… Para
Bruno, essa etapa é extremamente difícil, pois odeia este lugar e tem saudades
de seus três melhores amigos. Mas não há escolha.
Bruno diminuiu o ritmo
quando viu o ponto que virou uma
mancha que virou um vulto que virou uma pessoa
que virou um menino.
(BOYNE. O Menino do Pijama Listrado, pag. 95)
mancha que virou um vulto que virou uma pessoa
que virou um menino.
(BOYNE. O Menino do Pijama Listrado, pag. 95)
Certo dia, no entanto, ele
resolve explorar o novo ambiente. E acaba encontrando um menino, do outro lado
da cerca, aparentemente triste, e os dois começam a conversar. Bruno não entende
como uma pessoa pode ser tão magra e cinza, e nunca poder atravessar a cerca o
deixa chateado, mas a companhia encontrada é melhor que a solidão. O menino do
outro lado da cerca se chama Shmuel, e é judeu. E, Bruno, apesar de ser
inocente, sente que não deve contar sobre essa amizade a ninguém.
A história, docemente escrita,
carrega a tristeza e dor dos tempos do nazismo, numa forma sutil, às vezes
despercebida, porque lemos, afinal, o que Bruno vê. Vencedor de dois Irish Book Awards, finalista do British Book Award e transformado em
filme em 2008 pela Miramax, O Menino do
Pijama Listrado é um referencial da História, escrito de forma a deixar as emoções
infantis relevantes, ponto crucial, mas esquecido por muitos autores.
"Já não sinto mais nada", disse Shmuel.
(BOYNE. O Menino do Pijama Listrado, pag. 152)
Escrito por MsBrown
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