"A arte é uma magia que liberta a mentira de ser verdadeira" Theodor Adorno

domingo, 25 de novembro de 2012

A Revolução dos Bichos, de George Orwell



A Revolução dos Bichos (Animal Farm) de George Orwell é uma sátira ao socialismo. Apesar de utilizar figuras de animais as criticas aos seres humanos ficam visíveis no decorrer do livro. O livro é dividido em dez capítulos, sendo que algumas versões possuem um apêndice de explicação. 

O livro, no começo, começa a fazer alusões aos postos ocupados na sociedade de cada bicho. É uma reunião para o porco Major contar o sonho estranho que teve noite passada, no entanto, este, ao invés de falar de seu sonho, começa a falar sobre as condições de vida à que estão sujeitos. Observa-se claramente a metáfora relacionando o Homem que os aflige à tirania. 



Sugere-se que acabe com o problema e expulse o Homem do comando. Todos os animais se unem à Revolução sob a promessa de um mundo melhor e condições iguais, longe da servidão à qual estavam acostumados. 

No entanto, a reunião acabou despertando o dono da fazenda, Sr. Jones, que pegando sua espingarda dispersou a reunião com um tiro. 

O porco Major faleceu. Os outros animais, principalmente os porcos, começaram a se preparar para a revolução que o Major previra. Dentre os porcos se destacava Garganta, Bola de Neve e Napoleão cada um com uma capacidade especial. Organizaram a forma de pensar do Major e intitularam de Animalismo. 

Havia sempre reuniões secretas na fazenda. Encontraram certa resistência por parte dos animais no início, pois alguns ainda tinham uma noção de lealdade para com o ‘Dono’. No entanto, todos aderiram à chamada Revolução. 

O Sr. Jones fora um bom dono, porém sua fazenda estava em decadência. Num dia quando se esqueceu de alimentar os animais, esses de rebelaram e tomaram o poder. 

Foi um dia glorificante: haviam expulsado o inimigo. Comeram e beberam à vontade e se livraram de tudo o que pudesse lembrar o governo do Homem. 

Todos os animais concordaram que nenhum animal deveria habitar a casa grande. Bola de Neve e Napoleão resumem o Animalismo em sete mandamentos que deveram ser seguidos a partir do momento sem alterações. 

Nesse capítulo nota-se as comparações entre o governo dos porcos e o Governo Socialista Soviético. Ao tratar-se de igualdade, esta havia entre todos os animais, exceto os porcos, pois esses eram os encarregados de ‘pensar e organizar’ toda a granja, por isso mereciam privilégios ainda maiores. Notamos também que Sansão, o cavalo, que na sua segurança acreditava de todo o coração na Revolução e fazia por ela tudo o que podia, trabalhando mais do sempre, carregando a granja nas costas, representando o povo, que quer condições de vida melhores. 

No Governo dos porcos, toda a rebeldia e desconfiança eram controladas com discursos ‘alto-astral’ que provavam a supremacia do porco na sociedade na qual estavam inseridos. 

A notícia da Revolução se espalhava como vento. Os donos de outras granjas não deram ouvidos a isso, até que seus animais começaram a confabular a respeito. Mentiam a eles sobre as ‘verdadeiras’ condições na Granja dos Bichos. No entanto, tudo começou a tomar grandes proporções 

Os donos de outras granjas se uniram ao Sr. Jones e formaram a peleja para retomar o poder. Os bichos estavam preparados para tal acontecimento. Atacaram os humanos e saíram vitoriosos, com condecorações à Bola de Neve e Sansão, por suas atuações e coragem no campo de batalha. Esse dia foi instituído como importante para a Revolução: o dia em que lutaram e ganharam a Revolução do Estábulo. 

George Orwell, além deste escreveu também
 outra crítica  à sociedade em 1984
Bola de Neve e Napoleão discordavam sobre tudo. Mas a maior discussão era sobre um moinho de vento, plano de Bola de Neve para gerar eletricidade para todos e diminuir a carga de trabalho. Também discordavam sobre os rumos da Revolução: Napoleão dizia que deveriam implantá-la principalmente na granja e depois levá-las aos outros, e Bola de Neve dizia que deveriam espalhar as notícias pra todos. 

Bola de Neve fazia vários planos quanto ao moinho de vento. Os animais ficavam divididos entre Bola de Neve e Napoleão, que dizia que eram tolices. 

Um dia, numa das reuniões, enquanto Bola de Neve expunha seus planos para votação, houve um golpe de estado. Napoleão que criara alguns cachorros durante algum tempo, usou-os para expulsar Bola de Neve da reunião e impôs uma nova forma de governo: as decisões iriam ser tomadas a partir de agora por um conselho, para se evitarem tomar decisões erradas, ou seja, numa sociedade de iguais, criou-se uma classe dominante, que impôs novas formas de trabalho e da qual os animais sabiam apenas as decisões tomadas e nunca participavam do evento e haveria a construção do moinho (antes Napoleão não concordara porque a ideia havia sido dele, portanto ele devia apresentá-la). Napoleão usava outros porcos de ‘boa fala’ para poder convencer a todos de que sua decisão fora acertada. Nascia assim, uma sociedade regida por um ditador. 

Começou um período de relativa escravidão. Todos trabalhavam contentes, pois estavam cientes de que era para o bem geral. A colheita foi menor que no ano anterior e o moinho apresentava dificuldades na sua construção. 

Na granja começou a haver escassez de materiais que não eram produzidos ali e eles não sabiam como obtê-lo. Napoleão decidiu então começar a ter comércio com seus vizinhos e a utilizar dinheiro, o que ia totalmente contra os Sete Mandamentos, mas ele conseguiu convencer a todos de que eles estavam sonhando se algum dia foi aproado que não haveria comércio. Em pouco tempo, os porcos mudaram-se para a casa grande. Todos continuaram a trabalhar, embora o comportamento dos porcos começasse a apresentar algumas discrepâncias quanto aos Sete Mandamentos, estes conseguiram convencer que estavam certo. 

Certa noite, após uma tempestade, o moinho de vento foi encontrado em ruínas. Napoleão estrategicamente atribuiu a culpa do acidente à Bola de Neve e ofereceu uma recompensa a quem o capturasse vivo. 

O inverno na granja foi implacável. A situação estava precária, os animais passavam fome. Agora tudo de ruim que acontecia, a culpa era de Bola de Neve, que ninguém sabia onde se encontrava. Foi julgado traidor desde o início, fato que levantou suspeita entre os bichos, pois ninguém acreditava que era mentiroso e aliado do Sr. Jones. 

Stalin, inspiração para Napoleão
Houve reunião à tarde e Napoleão declarou alguns porcos como traidores e esses confessaram seus crimes e foram mortos. Instigou a todos a se delatarem e muitos o fizeram, sendo chacinados no momento, até que sobraram vários cadáveres ao pé de Napoleão. 

Os animais estavam com medo e indignados. Houve abolição das canções da Revolução, pois ‘esta já estava concluída’. 

Finalmente o moinho terminou de ser construído. Os bichos estavam orgulhosos dele. 

Napoleão continuava se vangloriando e dizia se que tudo que era bom era obra de Napoleão e tudo de ruim era Bola de Neve. 

Napoleão continuava comerciando com os vizinhos, mantendo relativa relação com estes, a ponto de deixar os animais confusos, pois nunca sabiam quem era o inimigo. 

Houve um ataque à granja de um dos vizinhos. O número de atacantes era superior ao de atacados e estes não puderam fazer nada. Destruíram o moinho de vento, o que suscitou a ira nos bichos. Isso ajudou-os a ganhar a batalha. 

O povo continuou com uma pulga atrás da orelha, no entanto seus anseios eram sempre reprimidos. Os mandamentos continuaram a ser mudados e aconteceram mais alguns acidentes na fazenda. 

A fome e a miséria continuavam. Napoleão usava com o povo a política do pão e circo. Os animais trabalhavam e não viam os frutos de seu trabalho. 

Os anos se passaram. Daqueles da época da revolução eram poucos e estes já não se lembravam como era antes. Os novos só sabiam pela tradição oral que ocorrera uma revolução. 

Secretamente, os porcos aprenderam a andar nas patas traseiras. E num cortejo surpreendente, Napoleão, usando um chicote na mão, foi seguido por seus comparsas. 

Os animais surpreenderam os porcos e os granjeiros vizinhos confraternizando o sucesso da Granja do Solar, como Napoleão agora preferia chamá-la, e então, num momento de espanto, os bichos notaram que não havia mais diferença entre um porco e um humano. 
Trotsky, o idealista Bola de Neve
Esse livro, uma sátira ao socialismo, exemplifica bem o processo que tomou conta da Rússia durante a Revolução. Sansão, com sua confiança cega, representa o povo, sempre prejudicado, no entanto o alicerce de todo o império. O velho Sr. Jones representa o czarismo, já decaído. Bola de Neve é figura para Trotsky, que foi exilado a mando de Stalin e depois assassinado por este. Trotsky acreditava que a Revolução deveria ser estendida a outros países, no entanto, seu rival Stálin (Napoleão) acreditava que a Revolução deveria se solidificar primeiro na Rússia para depois ser entendida. Sob o comando de Stalin, a Rússia prosperou, no entanto seu governo foi autoritário e sangrento. 

Quando estudamos a história do Socialismo, notamos as críticas feitas por George Orwell a esse sistema, no qual pode concluir-se que acaba virando uma conquista de interesses entre os governos, sendo o povo apenas instrumento de trabalho. Claro, a crítica não é aos princípios desse regime, mas ao que acabou se tornando nas mãos das pessoas erradas.

Esse livro é bem fácil de ler, utiliza uma linguagem simples, apesar de ser uma crítica. Recomendo a todas as pessoas com interesse no assunto ou apenas as que quiserem se divertir.

Escrito por MsMitchell


3 comentários:

  1. Muito bom o comentário e a visão!

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  2. Tmb gostei muito de sua resenha!

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  3. não é uma crítica aos seus princípios? ah pára.
    quais são os princípios do socialismo?
    e o que está, necessariamente, por trás deles?

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